Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : impeachment

Dilma diz que luta “até o último minuto”, fala em vencer e propor pacto
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Mas petista flerta com a proposta de convocar novas eleições

“Eu respeito a proposta que passe pelo voto popular”

Para presidente, empresário que apoia impeachment é golpista

Temer e Eduardo Cunha: “São associados. Um não age sem o outro”

Se perder, embora negue tal cenário, Dilma se vê “fora do baralho”

Márcio Neves - UOL - 13.abr.2016

Dilma Rousseff, durante entrevista hoje (13.abr.2016), no Planalto

A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista hoje (13.abr.2016) e disse que vai resistir “até o último minuto” ao processo de impeachment. Afirmou ter uma contabilidade que lhe daria a vitória na votação marcada para domingo. E que no dia seguinte, derrotando a proposta do impedimento, vai propor um “pacto” sem considerar “vencedores nem derrotados”.

Será uma “proposta de pacto, de uma nova repactuação entre todas as forças políticas, sem vencidos e vencedores. Você não faz pacto com ódio. Não faz pacto com retaliação”.

Convidaria a oposição? “Convido todos, querido. Oposição existe. Quando eu falo que tenho que honrar meus 54 milhões de votos, estou falando só uma parte da questão. Tenho de honrar os meus votos e os outros votos. Porque os 2 participaram de um processo eleitoral legítimo. Os meus 54 milhões de votos são os que me legitimam. Mas os que legitimam o processo eleitoral são todos os brasileiros: 110 milhões que saíram de casa, foram lá e votaram. Eles têm de ser respeitados também”.

No que consistiria a proposta? “Vou oferecer um processo de diálogo. Nós temos de olhar todos os lados do Brasil. Mas respeitar as conquistas já adquiridas. Senão, não terá paz social no nosso país. Se você não colocar na mesa também trabalhadores e empresários. O pacto não é só com a oposição. O pacto é com todas as forças econômicas e as forças que são representadas nos movimentos sociais”.

A presidente fez questão de controlar suas declarações ao longo da entrevista para não admitir a possibilidade de derrota. Bem no final, voltou a falar sobre o pacto que pretende oferecer se barrar o impeachment no domingo. Foi confrontada então com a possibilidade de derrota e indagada se também se ofereceria para fazer um pacto. Nesse cenário Dilma disse que estaria “fora do baralho”, mas deixando claro que não acredita nessa hipótese.

A presidente em alguns momentos pareceu estar confusa a respeito dos próximos capítulos da crise política. Falou em vencer na Câmara e depois no Senado. Foi informada então que se barrar o processo de impeachment na Câmara não haveria necessidade de enfrentar uma votação dos senadores. Pareceu surpresa ao conhecer esse trâmite.

A petista também disse não saber exatamente se poderia morar no Palácio da Alvorada no meio do processo de espera de um julgamento pelo Senado –quando ficaria afastada da função por até 180 dias. “Não há uma previsão legal quanto a isso”, declarou.

Na realidade, há uma interpretação firmada desde 1992: o presidente afastado pode morar na residência oficial enquanto não perder o cargo em definitivo. Ao saber dessa interpretação, Dilma reagiu: “Muito obrigada, me deu uma moradia. Não sou uma sem teto”.

Ao mesmo tempo em que fala em vencer e barrar o impeachment, a petista também flerta com a ideia de novas eleições:

“Não vou ficar discutindo uma hipótese. Uma hipótese que contraria o que eu acredito. Acredito que nós temos todas as condições de ganhar [a votação do impeachment] no Congresso Nacional. [Mas] respeito uma proposta que passa por eleição e passa por voto popular. Eu respeito isso. A minha não é essa, mas eu respeito”.

A petista repetiu várias vezes durante a entrevista as críticas que fez nos últimos dias ao vice-presidente da República, Michel Temer, e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB. Referindo-se aos 2, disse:

“Um processo está em curso. Alguém tenta, sem olhar o resultado, fazer um discurso de posse. Eu chamei de golpe, chamei de chefe de golpe e vice-chefe do golpe. Só não sei quem é o chefe e o vice-chefe. Acho que são associados. Um não age sem o outro. Uma parte do golpe depende diretamente do presidente da Câmara”.

O vídeo a seguir é do início da entrevista (durante a conversa, não foi permitido captar mais imagens, mas apenas gravar o áudio):

O ÁUDIO DE MICHEL TEMER
Quando mencionou o episódio desta semana, com a publicação de um áudio do que seria um discurso de Michel Temer em caso de o impeachment ser aprovado, Dilma acusou o seu vice de ter mentido a respeito do caso:

“O vazamento é interessantíssimo. Eu nunca vi você vazar para si mesmo. O vazamento para si mesmo é algo fantástico. Foi tratado como vazamento, quando não foi um vazamento. Era uma manifestação deliberada nunca antes vista na história do mundo”.

Segundo a explicação oferecida por Michel Temer, em uma entrevista, ele enviou o arquivo de áudio de maneira inadvertida por meio do aplicativo de celular WhatsApp para um grupo de deputados.

EMPRESÁRIOS
Indagada a respeito de empresários que apoiam o processo de impeachment abertamente –donos de shoppings, por exemplo, pretende fechar os estabelecimentos no domingo–, a presidente demonstrou uma certa irritação.

“Não há nenhum pecado original em ser empresário. Mas também não há nenhuma salvação definitiva. Todos nós somos o que somos. Se você defende a interrupção de um mandato legalmente constituído. Se você acha que sem prova consegue tirar um presidente da República do seu cargo, isso é golpismo. Independentemente do que você seja: empresário, trabalhador”.

Em seguida veio uma pergunta se era correto extrapolar a interpretação para todos os cidadãos que têm expressado simpatia pelo impeachment. A presidente respondeu afirmativamente:

“Pedreiro, engenheiro, professor ou empresário: nós estamos falando de cidadãos. Se o cidadão ‘A’ defende essa posição, o cidadão ‘A’ é golpista do meu ponto de vista”.

Para a presidente, entretanto, a atitude que ela chama de “golpista” é mais presente no meio político. “No Congresso aparece com maior nitidez”, afirma.

AUTOCRÍTICA
Errou alguma coisa na relação com o Congresso? “Vocês adoram que eu faça autocrítica. Eu não posso ficar fazendo autocrítica só para contentar [vocês] porque não muda uma vírgula da realidade. Uma vírgula”.

BRASIL PÓS-IMPEACHMENT
“Não dá para fazer o salto no escuro de um impeachment fraudulento, sem base legal. Não estou dizendo que isso terá consequências imediatas. Eu não sei. Mas marcará profundamente, indelevelmente, a história do presidencialismo do Brasil. Estou falando daqueles que fazem isso e têm de saber as consequências de seus atos. Estou fazendo uma denúncia. Tem um estado de golpe sendo conspirado no Brasil. Aqueles que agem a favor abertamente e os que agem ocultamente serão responsáveis. Não se pode supor que certos atos políticos são sem consequência”.

JUDICIALIZAÇÃO
Pretende levar o impeachment para a Justiça, apresentando ações ao STF? “Não te garanto  ainda. Não tenho a avaliação do jurídico do governo. Não sei quando faremos. Nós não sabemos se vamos, quando vamos, se formos”.

SONO E ESTADO DE ESPÍRITO
A presidente falou que tem mantido a rotina e que dorme bem, sem a ajuda de remédios:

“Alguém se está ruim levanta e vai andar de bicicleta às 10 pras 6h? E anda 50 minutos no mínimo? E faz musculação? Você acha que isso é possível? Eu durmo bem dormido e não tomo remédio. Eu durmo muito fácil”.

Dorme cedo? “Não durmo cedo. Começo a ter muito sono ali pelas 22h30. Se eu achasse que eu tinha cometido alguma coisa que merecesse tudo isso [o processo de impeachment] eu não dormia, não. Mas eu acho que eu não fiz”.

EDUARDO CUNHA TEM CONTA NO EXTERIOR
Ao falar sobre o presidente da Câmara dos Deputados, a presidente afirmou de maneira peremptória que Eduardo Cunha tem contas bancárias no exterior –o que o peemedebista nega.

“Uma das questões mais perversas é quem preside o meu impeachment. Inequivocamente, essa pessoa pratica desvio de conduta. [E] como já disse várias vezes, ao contrário dele, eu não tenho contas no exterior. Ao contrário dele, eu não tenho nenhuma das acusações que recaem sobre ele”

E completou: “O que eu acho mais grave não é que ele presida o impeachment. O que eu acho mais grave é que a proposta que está na mesa contra a minha permanência no cargo de presidente tenha ele como vice. Ele será o vice-presidente da República e tem com o atual vice-presidente da República uma relação de profunda sociedade. São associados”.

COMO CONSEGUIRÁ VOTOS NO DOMINGO
A presidente reiterou ter condições de vencer a votação do impeachment no domingo. Mas não explicou exatamente como:

“Nesta reta final, estamos sofrendo uma guerra psicológica, que é assim: [dizer] que eu tenho os votos que ele não tem, [dizer] eu tenho uma lista que ele não tem. Esse  processo tem um objetivo: construir uma situação de efeito dominó. De um lado. De outro lado.  Você tem situações das mais variadas possíveis. Os partidos saem do governo e as pessoas ficam. Não há uma relação tão linear entre o líder e os liderados”.

Dilma falou sobre o Planalto esperar repetir no plenário da Câmara o mesmo percentual de votos que teve na Comissão Especial do Impeachment –41,5%. Mas a realidade tem mudado nos últimos dias, reconheceu. “É óbvio que é com o passar dos dias vai tendo de ser refeito [o percentual de 41,5%], reavaliado. O governo faz isso também, reavalia”.

CONCEITOS DE ECONOMIA
A presidente falou um pouco sobre o que pensa da condução da economia do país. Disse que em países como o Brasil é errado achar que o Estado deve cuidar apenas de saúde, educação e segurança:

“É uma visão primária ter, no Brasil, a visão de Estado mínimo. Estado mínimo é compatível com países desenvolvidos. Mesmo assim, alguns não fazem isso. Exemplo, a Dinamarca, a Escandinávia toda”.

“Pegar o Brasil e achar que se resolve o problema dos brasileiros e do país [com um Estado mínimo], ignorando a quantidade de atraso, de herança maldita, de anos e anos em que uma parte da população foi retirada dos benefícios da riqueza é ter uma proposta completamente dissonante em relação à realidade”.

“Isso é uma coisa. Outra é achar que o Estado precisa fazer coisas que ele não precisa. O Estado pode não fazer várias coisas porque ele não precisa fazer. Não tem de gastar dinheiro com aquilo que a iniciativa privada faz muito melhor, muito mais rápido e [de maneira] mais eficiente. Nós temos obras muito bem sucedidas nos aeroportos. Temos uma experiência muito bem sucedida em concessões. As empresas brasileiras construtoras têm de ser encaradas como agentes de desenvolvimento e não como agentes de corrupção. Tem de impedir que se demonize empresas porque nós precisamos de empresas que constroem”.

MAIS IMPOSTOS
Tem saída fora da recriação da CPMF? Dilma: “Eu não vejo”.

“Os que falam que não querem pagar o pato são aqueles que têm na arrecadação do Sistema S uma das fontes da sua renda. Ou nós discutimos às claras o que é a estrutura tributária do país ou não dá certo”, disse a petista. Foi uma referência à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que faz uma campanha contra a CPMF.

SISTEMA POLÍTICO
A presidente falou várias vezes sobre a necessidade de haver uma reforma política no Brasil.

“O sistema político brasileiro se mostra muito receptivo a expedientes golpistas e inconstitucionais. Por quê? Porque é frágil. Precisamos de uma reforma política que defina em que condições se aceitará a formação dos partidos, como é que é o modelo de voto, como se dará a relação do Parlamento com o Executivo”.

“Não é para me beneficiar, porque beneficia o próximo. É fundamental que se transforme o jeito de fazer política e de governar o Brasil. Todos os que se sentarem nesta cadeira [apontando para o móvel] enfrentarão isso [crises políticas como a do atual pedido de impeachment] em maior ou menor grau, no curto, no médio ou no longo prazo. É inexorável”.

ANTIPOLÍTICA
Ao mencionar as manifestações de 13.mar.2016, Dilma disse ter percebido que os protestos foram contra todos os políticos em geral, exceto contra “o juiz”, numa referência a Sérgio Moro, o magistrado que cuida da Operação Lava Jato.

“Essa versão de que a política é ruim, é suja, não contribui. Só vai acirrar o ‘apoliticismo’ [sic]. O ‘apoliticismo’ serve a interesses políticos poderosos. Uma das características estarrecedoras daquela manifestação do dia 13 de março foi a rejeição da política. Esta característica nunca levou a nada de bom”.

“Você precisa valorizar a política. Para ter a população, as pessoas querendo participar. A desqualificação da política é muito ruim. Isso não representa uma posição de rebeldia. Isso representa uma das posições mais conservadoras que historicamente levaram a regimes de exceção. Faz parte do processo de despolitização, faz parte do processo de rejeição da atividade política o surgimento de salvadores da pátria”.

A ENTREVISTA
A entrevista da presidente da República foi definida no final da tarde de ontem (12.abr.2016), quando os repórteres começaram a ser convidados. Participaram 10 jornalistas:

Ana Dubeux (jornal “Correio Braziliense”), André Barrocal (revista “Carta Capital”), Claudia Safatle (jornal “Valor Econômico”), Cristiana Lôbo (GloboNews), Cynara Menezes (Blog Socialista Morena), Fernando Rodrigues (UOL), Lauro Jardim (jornal “O Globo”), Luis Nassif (site GGN), Ricardo Galhardo (jornal “O Estado de S.Paulo) e Valdo Cruz (jornal “Folha de S.Paulo”). A conversa foi no gabinete presidencial, no 3º andar do Palácio do Planalto. Todos se sentaram em torno de uma mesa de reuniões de madeira redonda que serve para essas ocasiões.

A presidente estava vestindo uma blusa fina de um tecido que parecia ser voal da cor preta e com bolas brancas. Usava uma calça preta do tipo legging, de tecido elástico.

O encontro começou às 11h11 (estava marcado para 11h). Terminou pouco depois de 13h30. Foram servidas várias rodadas de café e água. Ao final, quando todos já estavam de pé para sair, um garçom apareceu com uma travessa de pães-de-queijo quentes.

Quando os jornalistas se despediam da presidente, a petista fez algumas observações sobre a vida no poder. Uma jornalista perguntou: “A senhora é feliz sendo presidente?”

“Sou de uma certa forma”, respondeu Dilma. Como assim, “de uma certa forma?”, quis saber a jornalista. E a presidente: “É que eu acho que essa é uma pergunta que nenhum de nós consegue responder direito. Não existe um estado de felicidade constante. Ninguém é assim”.

O assunto sobre felicidade foi abordado após Dilma fazer uma citação melancólica do cineasta italiano Vittorio Gassman (1922-2000). “Vittorio Gassman deu uma entrevista que dizia que devia ter duas vidas. Uma para ensaiar, outra para viver. Então, eu tinha de ter ensaiado. Mas fui obrigada a viver”.

Márcio Neves - UOL - 13.abr.2016

Dilma, no início da entrevista no Palácio do Planalto

[este texto foi publicado às 14h32 de 13.abrl.2016 e atualizado com algumas correções e mais trechos da entrevista até 16h30 da mesma data]

[Leia aqui a transcrição do áudio da entrevista, sem revisão]

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Depois do PP, partido de Kassab, PSD, deve anunciar desembarque hoje
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Líder da legenda, Rogério Rosso, marcou reunião para 11h30

Sigla tem 36 deputados e deve tornar impeachment irreversível

RogerioRosso-Foto-AntonioCruz-AgenciaBrasil-8abr2016

O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso, eleito por Brasília

O PSD (Partido Social Democrático), presidido pelo ministro Gilberto Kassab (Cidades), marcou para 11h30 de hoje uma reunião de sua bancada na Câmara dos Deputados. A pauta é como a legenda deverá se posicionar a respeito do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, no domingo (17.abr.2016).

Ontem (12.abr.2016) havia apenas 8 dos 36 deputados federais do PSD ainda dispostos a votar a favor do Palácio do Planalto. Hoje, esse número deve cair para perto de zero.

Até a semana passada, Gilberto Kassab relatava para Dilma Rousseff que em condições muito positivas o PSD daria de 13 a 16 votos contra o impeachment. Essa previsão mudou drasticamente. Sobretudo depois que ontem (3ª) o PP (Partido Progressista) desembarcou do governo.

Segundo o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (do Distrito Federal), a reunião da bancada “começa às 11h30 e não tem hora para acabar”. A ideia é ouvir todos os deputados e assumir uma posição unificada –embora não seja uma tradição da legenda “fechar questão” e obrigar todos a votar da mesma forma.

“Mas se for uma posição de 80% a 90% da bancada ficaria difícil não assumir uma posição mais firme”, declara Rosso, que presidiu a Comissão Especial do Impeachment e votou pelo afastamento da presidente da República.

A eventual saída do PSD representará um quadro de irreversibilidade do impeachment.

Até há uma semana, PSD, PP e PR diziam que só aceitariam ajudar Dilma Rousseff contra o impeachment se os 3 partidos conseguissem seguir juntos. Esse cenário não existe mais. O PP já rejeitou ajudar o Planalto. Hoje, será vez do PSD. E o PR pode desembarcar até 6ª feira (15.abr.2016).

Uma curiosidade: o PSD é um partido jovem. Foi lançando em 13 de abril de 2011, uma 4ª feira (como hoje), num auditório da Câmara dos Deputados, em Brasília. Nesse evento foi assinada a ata de fundação da legenda. Caberá a essa sigla, se se consumar o desembarque do governo, selar o destino da presidente Dilma Rousseff.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Associação recomenda que shoppings fechem durante votação do impeachment
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Abrasce, que representa 68% do setor, quer protestar contra crise econômica

Segundo entidade, perto de 450 mil empregos serão extintos em 12 meses

Em 2016, já foram canceladas as inaugurações de 13 novos shoppings

shopping-center-rio-lais-castro

Solução para queda nas vendas do setor é o desfecho da crise política, avalia o presidente da Abrasce

A Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers), principal entidade representativa do setor no país, está recomendando que os centros de compras não abram no próximo domingo (17.abr), quando será realizada a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara. O objetivo é protestar por causa do fraco desempenho da economia nos últimos meses.

A partir desta 4ª feira (13.abr), a entidade enviará e-mails para seus mais de 350 associados sugerindo ponto facultativo no próximo domingo. Associação representa 68% dos 538 shoppings centers no Brasil.

A ideia é passar um recado de insatisfação com a crise política, que tem afetado o desempenho econômico do país. “Resolvemos sacrificar o domingo, um dia sagrado para o varejo, porque resolver esse imbróglio político, com ou sem a saída da presidente, é essencial para que esse cenário se inverta”, avalia o presidente da Abrasce, Glauco Humai.

As informações são do repórter do UOL Guilherme Moraes.

O setor de shoppings centers registrou aumento de 6,5% nas vendas em 2015, segundo dados da entidade. Descontada a inflação, porém, o desempenho real aponta uma queda de 4,3%.

Outro dado que preocupa o segmento é a queda na taxa de ocupação dos centros de compras –o percentual de pontos de venda funcionando em relação à capacidade total das unidades. Historicamente em torno de 97%, hoje o percentual caiu a 91,5%.

Das 30 inaugurações de shoppings previstas para este ano, 13 já foram canceladas. O presidente da Abrasce estima que até 15% do total de postos de trabalho no setor, hoje cerca de 3 milhões, possam ser fechados nos próximos 12 meses –ou seja, serão 450 mil empregos a menos.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Maluf, que agora apoia o impeachment, deixa a lista vermelha da Interpol
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

“Agora, só falta o papa Francisco me canonizar”, diz deputado

Político volta a poder fazer viagens ao exterior sem risco de prisão

Primeiro passeio internacional será para Bariloche e Punta del Este

Exclusão ocorreu há um mês e meio; Maluf não explica a razão

maluf-pedro-ladeira

O deputado Paulo Maluf (PP-SP) em fevereiro de 2015

O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), 84 anos, e seu filho Flávio não estão mais na lista pública de pessoas procuradas pela Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal.

Segundo informações do gabinete do deputado, a exclusão foi feita há 1 mês e meio. Maluf fala entre “duas e três semanas”. Ele não quis revelar como conseguiu que seu nome fosse retirado da lista de procurados internacionais.

Procurado pelo Blog, o deputado comemorou e fez uma brincadeira: “Estou fora do mensalão, fora do petrolão, fora da Lava Jato, não estou no Panama Papers e votei a favor do impeachment. Agora, saí da lista vermelha da Interpol. Só falta o papa Francisco me canonizar”.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.

Ontem (11.abr.2016), no início da noite, Maluf foi um dos 38 deputados que votaram a favor da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial que tratou do assunto na Câmara. O pedido foi aceito, pois o Palácio do Planalto teve apenas 27 votos no colegiado de 65 integrantes.

Feliz com seu voto, Maluf dava entrevistas a granel ao final da sessão da comissão do impeachment. Indagado pelo Blog se achava justo ser “canonizado” pelo papa (ser tornado santo da Igreja Católica), o deputado respondeu:

“Por tudo que fiz pela cidade de São Paulo, acho que eu mereço [a canonização]”.

“Amanhã [hoje], 12 de abril, completo 49 anos de vida pública. Em 12 de abril de 1967 fui nomeado presidente da Caixa Econômica Federal. Tenho muitos serviços prestados”, declarou.

Maluf diz que sua última viagem internacional foi em dezembro de 2008, quando esteve na França, na Itália e na Inglaterra. Agora, está livre para passear novamente pelo exterior. “Vou tirar uns 15 dias em julho. No inverno, gosto de ir para a Argentina, para Bariloche. Também posso ir para Punta del Este, no Uruguai”, disse.

Paulo Maluf foi incluído na lista da Interpol em 19.mar de 2010, há quase 6 anos. Ele foi colocado na relação que é conhecida como “difusão vermelha”. O deputado poderia ser preso se fosse ao exterior. Ao desembarcar, corria o risco de ser detido em qualquer 1 dos mais de 180 países que integram  parte do organismo.

À época, a inclusão ocorreu a pedido da Promotoria de Nova York, em decorrência de uma investigação iniciada em 2001. Maluf foi acusado de enviar recursos ilegalmente para o exterior e por desviar dinheiro público no Brasil. O deputado nega ter cometido irregularidades. “Agora, vou mandar o meu advogado procurar esse juiz em Nova York para explicar tudo”, afirma.

O desvio teria ocorrido nas obras da avenida Água Espraiada. O dinheiro teria sido enviado para Nova York –depois, para a Suíça, para a Inglaterra e para a Ilha de Jersey. Maluf nega todas essas acusações.

maluf-edit

O nome do deputado não retorna mais resultados no site da Interpol

PauloMaluf-Interpol

Página da Interpol quando Maluf ainda era procurado

LISTA SIGILOSA
Embora Maluf não apareça mais na lista pública da Interpol, não há como saber se o político brasileiro é mantido em uma outra relação, não divulgada.

Como a inclusão foi feita a pedido da Justiça dos EUA, delegados da Polícia Federal brasileira que trabalham com a Interpol não souberam precisar se Maluf está ou não na lista sigilosa da Interpol. Nesse caso, ele ainda poderia ser preso ao sair do Brasil.

“TRAGA UM ALFAJOR PRA GENTE VER”
O deputado deu pistas sobre sua exclusão da lista da Interpol nas redes sociais.

Na última 5ª feira (07.abr) o deputado foi alvo de provocações de um internauta no Facebook, após anunciar publicamente que apoiaria o impeachment de Dilma Rousseff.

“Amo o Brasil e principalmente amo São Paulo”, concluiu o deputado em seu anúncio. Um internauta lançou a provocação: “Tem que amar mesmo o Brasil afinal nem pode deixar o país, né lindo?”

“Quanto a não deixar o país você está equivocado e desatualizado. Abraços!!!”, replicou Maluf.

“Se o senhor pode mesmo sair do país e eu não estou sabendo peço que vá até a nossa querida vizinha Argentina e traga um alfajor para a gente ver. É barato, é fácil – e assim nos atualizamos sobre a sua situação”, continuou o internauta.

maluf-face-editBlog está no FacebookTwitter e Google+.


Eliseu Padilha, aliado de Temer, recomenda: “Quem não ouviu, ouça”
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Ex-ministro acha que conteúdo do áudio é positivo

“Quem agora não está falando sobre esse assunto?”

Para Padilha, Temer reafirma compromisso sobre união

Brasília- DF- Brasil- 06/01/2014- O novo ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, em entrevista coletiva após receber o cargo de seu antecessor, Moreira Franco. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha

O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha, um dos principais conselheiros de Michel Temer, acha que será positivo divulgar de maneira generalizada um arquivo de áudio no qual o vice-presidente da República fala como se o impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara.

“A minha recomendação é muito clara. Quem ainda não ouviu, ouça. É um discurso muito equilibrado que fala em união”, disse Padilha ao Blog.

Na avaliação do ex-ministro, quem ouvir o discurso que Michel Temer enviou para alguns deputados perceberá que o vice apenas repete aquilo que vem dizendo sobre a necessidade de fazer um governo de união nacional no país.

Padilha acha que seria pior desejar minimizar o que está dito e divulgado. “É importante que as pessoas tomem conhecimento do inteiro teor, pois o que o vice-presidente fala é bom para o país”, afirma.

Indagado se a gravação não escancara uma preocupação de Michel Temer em assumir o Planalto, algo que o vice sempre nega em público, Padilha disse que essa interpretação não é algo que produza efeitos negativos.

“Quem, a esta altura no Brasil, não está pesando no que pode acontecer no caso de o impeachment ser aprovado? É natural que as pessoas reflitam a respeito. Mas o que o vice-presidente disse é algo ponderado e que enseja um país melhor”.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


34 de 65 deputados na comissão especial dizem ser a favor do impeachment
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Votação deve ocorrer na 2ª feira, dia 11 de abril; governo tenta atrasar

Relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) é favorável ao impedimento

Planalto perde apoio: hoje só há 21 abertamente contra o processo

No PMDB, apenas 2 deputados vão votar contra impeachment

jovair-arantes-fabio-rodrigues-pozzebom-agencia-brasil-17-mar-2016

Jovair Arantes (à direita) apresentou relatório favorável ao impeachment

Pelo menos 34 integrantes da Comissão Especial do Impeachment devem votar a favor do afastamento da presidente da República. Como o colegiado é formado por 65 deputados, já há uma maioria contra a permanência de Dilma Rousseff no cargo. Depois da entrega ontem (6.abr.2016) do relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) favorável à admissibilidade do processo, começa a contar o prazo para a votação na Comissão Especial.

Há 10 deputados que dizem que ainda não decidiram seus votos –aí incluído o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF).

Além do PT –que tem 8 votos–, o Planalto tem apoio maciço de PDT, Psol e PT do B. Mas essas siglas somam apenas 4 votos. O PMDB, aliado no início do governo, anunciou a saída da base governista na 3ª feira passada (29.mar).

Hoje, dos 8 peemedebistas, apenas Leonardo Picciani (RJ) e João Marcelo (MA) defendem a permanência da presidente. Os deputados Valtenir Pereira (MT) e Washington Reis (RJ) dizem que não definiram o voto, mas a expectativa é que votem contra o impeachment de Dilma.

A apuração é dos repórteres do UOL Gabriel Hirabahasi e Guilherme Moraes.

O cenário geral a respeito dos 513 deputados indica que hoje há 272 pró-impeachment contra 118 a favor de Dilma, conforme relatou este post.

Desde a abertura da comissão, quando o Blog fez o primeiro levantamento, o Planalto já perdeu apoio. Antes, eram 28 votos contra o afastamento. Hoje, são apenas 21 como mostra a tabela a seguir (clique na imagem para ampliar):

comisao-especial-impeachment-votos

 

Um dos votos perdidos pelo Planalto foi o de Zenaide Maia (PR-RN). A deputada era contra o afastamento de Dilma, mas saiu da comissão por “motivos pessoais”. Para seu lugar, foi indicado Vicentinho Alves (PR-TO), que ainda não definiu seu voto.

O apoio do PR e do PP depende das negociações em andamento com o governo pela distribuição de cargos e verbas. Por enquanto, os 2 partidos dizem reunir ao menos 4 votos contra o impeachment. As siglas contabilizam 9 integrantes na comissão.

No PP, Paulo Maluf, antes aliado do governo, anunciou que votará pelo impeachment. Disse não concordar com as negociações entre o governo e o partido.

Como aderiu à oposição em mar.2016, o PSB tende a votar unificadamente pelo impeachment. A decisão, porém, não está certa e depende de reunião da Comissão Executiva Nacional do partido, que deve ser realizada nos próximos dias.

Os deputados Tadeu Alencar (PE) e Bebeto (BA) ainda não decidiram seus votos.

“Os 4 membros do partido na comissão vão votar conforme a executiva nacional orientar”, diz Tadeu Alencar.

“A presidente Dilma já não tem mais condições de governar. Um possível governo do PMDB seria ainda pior. Uma linha de sucessão com Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Michel Temer? O caminho seria novas eleições”, afirma Bebeto.

“Há uma inclinação da bancada e do partido em votar favoravelmente. Mas não está definido ainda”, declara o deputado Júlio Delgado (MG).

OS INDECISOS
A Rede ainda não definiu um posicionamento sobre o afastamento da presidente. O representante na Comissão, deputado Aliel Machado (PR), disse que analisa o parecer de Jovair Arantes.

“Vou seguir a orientação do partido, o que ainda não há. Eu, particularmente, ainda preciso analisar mais o caso. A princípio, precisa se provar se realmente houve crime de responsabilidade. Se isso não for provado, não há por que ter o impeachment”, disse.

O governo trabalha com a possibilidade de titulares da Comissão faltarem. Caso Aliel Machado não compareça no dia da votação, o suplente da Rede é o líder do partido na Câmara, Alessandro Molon (RJ), que é contra o impedimento da presidente.

No Pros, Eros Biondini (MG) e Ronaldo Fonseca (DF) são a favor do impeachment. Caso 1 dos 2 não apareça, quem pode votar no lugar deles é Odorico Monteiro (CE). Um dos suplentes, ele saiu do PT na “janela da infidelidade partidária”. Monteiro votaria contra o impedimento.

Welinton Prado (PMB-MG), único remanescente na sigla após a janela, também não definiu seu voto. Em nov.2015, ele se desfiliou do PT e foi para o PMB. Na época, disse que o partido não cumpria com as obrigações e por isso não seguia as orientações de bancada nas votações. O voto dele é considerado como “difícil de virar”.

O deputado Bacelar (PTN-BA), único representante dessa legenda na comissão, também não definiu o voto ainda. O partido nanico negocia seu apoio com o Planalto. Segundo Aluísio Mendes (SP), líder da sigla na Câmara, a Executiva Nacional é favorável ao impeachment, mas a bancada (com 13 deputados) é majoritariamente contra. O líder também confirmou que a legenda está em negociações com o Planalto e a posição dependerá disso.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Deputados pró-impeachment sobem de 220 para 273 em menos de 1 mês
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Número é insuficiente para remover Dilma do Planalto…

…mas grupo é o que mais cresce de forma consistente

Avaliação considera declarações formais de cada deputado

Foram usados Twitter, Facebook e as entrevistas de cada um

Brasília-DF 11-08-2015 Fotos Lula Marques/Agência PT. Presidenta Dilma durante cerimônia de anúncio do Programa de Investimento em Energia Elétrica

Declarações dos deputados apontam ainda 122 indecisos

Nos últimos cerca de 20 dias o placar de votos na Câmara só piorou para o Palácio do Planalto. Esse cenário mais adverso ocorreu apesar da forte investida do governo da presidente Dilma Rousseff sobre sua militância propagando a interpretação de que o pedido de impeachment é um “golpe”.

Um levantamento da consultoria Bites indica que subiu de 220 para 273 o número de deputados federais que se expressa abertamente a favor do impeachment. É um crescimento expressivo de 24%.

Foram considerados nessa análise o que efetivamente os deputados dizem nos seus perfis nas redes sociais Twitter e Facebook, além de entrevistas à mídia tradicional. No estudo da Bites, os votos só são computados quando um congressista fala de maneira clara qual é a sua posição.

A primeira amostragem foi feita em 18.mar.2016. A última, ontem (6.abr.2016). Eis os dados:

tabela-deputados-impeachment-preto

grafico-deputados-impeachment-preto-3
São necessários 342 votos para que seja admitido o pedido de afastamento da presidente da República. Como a oposição contabiliza 273 apoios, precisa ainda arregimentar, no mínimo, outros 69 deputados federais.

Ao mesmo tempo, nesse período pesquisado –que já abrange a abertura da política de fisiologia, com distribuição de cargos e verbas pelo Planalto– o grupo de deputados contrários ao impeachment ficou praticamente estacionado. Na realidade, até caiu um pouco: saiu de 124 em 18.mar para 118 apoios no dia 6.abr.

O grupo de deputados mais importante, a esta altura, é o dos chamados indecisos. Ninguém no Congresso acha que possa existir ainda alguém em dúvida na Câmara ou no Senado. O que há são políticos à espera de alguma proposta mais vantajosa para negociar a favor de um lado ou de outro.

Os indecisos sofreram uma forte redução nos últimos cerca de 20 dias. Caíram de 169 para 122 –variação de 28%.

Numa eleição tradicional, os indecisos tendem a se dividir proporcionalmente conforme os votos que cada candidato já tem. Agora, essa lógica não vale.

Tudo dependerá nos próximos dias e semanas da eficácia da promessa de cargos feita pelo governo para atrair mais apoios. Para Dilma Rousseff, bastam 172 votos –ou seja, se a petista agregar mais 54 deputados ao seu grupo, livra-se do impeachment. É menos do que os 69 que faltam no momento para a oposição.

O que pode preocupar Dilma Rousseff é a chamada “onda” que pode se formar contra ela e seu governo nos dias finais que antecederem a votação. Não há como fazer uma previsão científica a respeito.

O dado disponível é o das últimas semanas: apesar de o governo ter reagido de maneira robusta na área política (com a distribuição de cargos e verbas, com a chamada fisiologia), a tropa pró-impeachment continuou a crescer.

A Bites fará a contagem das posições dos deputados diariamente, a partir de hoje (7.abr.2016). Esse termômetro será útil para medir as variações na Câmara.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Se afastada, Dilma pode ficar no Alvorada, mas deixa o Planalto
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Presidente não é obrigada a desocupar residências oficiais

Mas salário cai pela metade: de R$ 30.934 para R$ 15.467

O gabinete presidencial no Planalto fica a disposição do vice

Collor foi proibido de usar imóveis da União em 1992

A presidenta Dilma Rousseff e o vice, Michel Temer, durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto

A presidente Dilma Rousseff não é obrigada a desocupar o Palácio da Alvorada caso seja afastada pela eventual abertura do processo de impeachment no Senado. A petista, no entanto, deve deixar o gabinete presidencial no 3º andar do Palácio do Planalto.

A apuração é do repórter do UOL, Luiz Felipe Barbiéri.

Se o Senado aprovar a abertura do processo de impeachment, a presidente é automaticamente afastada por até 180 dias. A medida não configura perda de mandato, apenas distanciamento de exercício do poder enquanto o Senado julga o processo. Ao final desse período de 6 meses (ou antes), a depender do resultado da análise dos senadores, a presidente volta ao cargo ou será definitivamente cassada.

Enquanto não for julgada, Dilma poderá continuar a usar as residências funcionais, como a Granja do Torto e o Palácio da Alvorada.

Nesse período de espera pela decisão do Senado, se houver o impeachment, a presidente terá uma perda financeira. Por determinação da lei 1.079 (de 1950) a petista receberá metade de seu salário. Esse dispositivo está no artigo 5º da lei de 1950: “São efeitos imediatos ao decreto da acusação do Presidente da República, ou de Ministro de Estado, a suspensão do exercício das funções do acusado e da metade do subsídio ou do vencimento, até sentença final”.

Dilma recebe hoje R$ 30.934, segundo dados do Portal da Transparência do governo federal. Em caso de impeachment, o valor cai para R$ 15.467.

Já Michel Temer deverá continuar a morar no Palácio do Jaburu. Mas migrará do anexo 2 do Palácio do Planalto, onde está seu gabinete, para o 3º andar: é ali que está a sala usada no momento por Dilma Rousseff.

Se houver instauração do processo de impeachment, Temer continuará morando no Palácio do Jaburu pelo menos até a definição do julgamento.

PARALELO
Fernando Collor foi afastado da presidência em 2.out.1992. No mesmo dia, esvaziou seu gabinete no 3º andar do Planalto. O vice-presidente Itamar Franco foi empossado e passou a despachar da sala do 3º andar em 5.out.

Após deixar o Planalto, Collor cogitou montar um gabinete de trabalho na Granja do Torto. Fez uma série de reivindicações ao governo para o período em que ficaria impossibilitado de governar, como motocicletas com batedores e passagens aéreas para o exterior.

Collor acabou tendo seus planos frustrados. Uma decisão judicial proferida por uma juíza da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro proibiu o então presidente afastado de utilizar qualquer imóvel da união enquanto estivesse fora da função, esperando a definição do impeachment.

Como perdeu o direito ao uso de residências funcionais, helicóptero, carros e avião oficiais, Collor recolheu-se à Casa da Dinda, residência de sua família no Lago Norte, bairro nobre de Brasília.

Itamar Franco mudou-se para o Alvorada apenas em maio de 1993, por questões de segurança. Vivia até então em uma mansão na antiga península dos ministros, no Lago Sul.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


Disque Câmara recebe 12 mil registros de opinião sobre o impeachment
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Mais de 8 mil pessoas são favoráveis ao impedimento de Dilma

Movimento começou de forma tímida em fev.2015

Dez.2015 e mar.2016 tiveram o maior número de registros

Manifestacao-13mar2016

Manifestação em 13.mar na frente do Congresso Nacional

Os canais de atendimento da Câmara dos Deputados para registro de opiniões da população recebem uma média mensal de 17 mil mensagens. Desde fevereiro de 2015, o volume de manifestações cresceu porque mais pessoas passaram a registrar suas opiniões sobre o impeachment.

Até o final de mar.2016, o Disque Câmara já registrou 12.295 mensagens desse tipo.

A apuração é do repórter do UOL Lucas Loconte.

Os dados obtidos junto à Câmara dos Deputados corroboram pesquisas de opinião, como a do Ibope sobre a aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Divulgado anteontem (30.mar.2016), o levantamento aponta que apenas 10% da população avalia a gestão de Dilma como ótima ou boa.

Do total de registros sobre o impeachment no Disque Câmara, 67,16% são favoráveis ao impeachment, número próximo ao que a Datafolha divulgou em 19.mar, com 68% dos entrevistados demonstrando apoio ao impedimento da presidente.

O mês de março apresentou 9.040 manifestações, sendo 5.410 favoráveis ao impeachment e 3.630 contrárias. Em dezembro de 2015, foram 1.302 pessoas a favor do impedimento e 261 contra.

Disque-Camara-31mar2016

É possível observar que o aumento das mensagens em 2015 se deu nos meses que ocorreram manifestações no Brasil: março, abril e agosto registraram uma elevação nas manifestações captadas pelo serviço da Câmara.

Quando os advogados Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Junior apresentaram o pedido de impeachment, o número de mensagens cresceu de forma exponencial, no período de setembro a outubro. Depois, caiu em novembro. Voltou a aumentar em dezembro.

O mesmo se verifica com os números totais recebido pelo Disque Câmara: foram 21.626 em set.2015, 19.990 em out.2015, 16.206 em nov.2015 e 13.171 em dez.2015.

Em 2016, à medida que o processo foi ganhando forma e força dentro do Congresso Nacional, o número de registros também cresceu. Até o final de março, o Disque Câmara teve 40.485 registros, 9.040 só sobre o impeachment –o equivalente a 22,33% dos registros.

Do total de mensagens, 60,93% (7.491 registros) foram via telefone, enquanto 39,07% (4.804) por meio do formulário online.

A Câmara dos Deputados explicou que as manifestações correspondem à livre e voluntária expressão dos cidadãos, relacionada a fatos políticos e legislativos.

Todas as pessoas que entram em contato com a Central de Atendimento da Câmara, seja pelo 0800 619 619 ou pelo formulário do Fale Conosco, preenchem um cadastro com dados pessoais. Como esse canal é aberto a quem quiser participar e a pessoa pode entrar em contato quantas vezes quiser, os dados não apresentam valor estatístico.

Blog está no FacebookTwitter e Google+.


PP e outras siglas médias dão prazo de 1 semana para Dilma
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Legendas desembarcam quando impeachment estiver consumado

Planalto terá de oferecer cargos e verbas e demonstrar força

Partidos médios só ajudam Dilma se houver chance real de vitória

Presidenta Dilma Rousseff durante encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia. (Brasília - DF, 22/03/2016)

Dilma Rousseff: uma semana de prazo para remontar apoio no Congresso com cargos e verbas

O Partido Progressista não deve romper nesta semana com a presidente Dilma Rousseff. A legenda de Paulo Maluf definiria sua estratégia em reunião hoje sob o comando de seu presidente nacional, o senador Ciro Nogueira (PI).

O PP e outras siglas médias deram uma semana de prazo para o Planalto. Esse período de carência pode ser um pouco mais elástico, estendendo-se até o início de abril.

O Palácio do Planalto deseja incluir PP, PSD, PR e outras siglas médias no que vem sendo chamado de “repactuação do governo”, como explicou ontem (3ª) o ministro Jaques Wagner. “Repactuação”, no caso, é uma expressão que pode ser traduzida por distribuição de cargos e verbas.

A própria presidente da República tem conversado com representantes dos partidos médios. Dilma Rousseff fala em oferecer “mais espaço” a eles no governo –ou seja, praticar a distribuição de posições na administração federal e liberar dinheiro de emendas ao Orçamento –no jargão brasiliense, fisiologismo.

A petista tem ouvido que a oferta é bem-vinda, mas será preciso criar um ambiente de vitória. As legendas médias só entram no projeto para barrar o impeachment “se for para ganhar”. De outra forma, preferem esperar algumas semanas –para depois ir pedir cargos e verbas no gabinete de Michel Temer, que assume o Planalto em caso de impeachment.

O PP, por exemplo, tem 49 deputados. Há 15 deputados dessa legenda que já estão “cristalizados” a favor do impeachment. Cerca de 30 ainda estariam “à disposição”. Como cooptá-los, pergunta Dilma. A direção do PP responde sempre da mesma forma: 1) dar cargos e verbas a jato; 2) demonstrar que há votos suficientes para barrar o impeachment.

Ou seja, Dilma terá de conversar com várias siglas médias separadamente –mas nos próximos 2 a 3 dias– e amarrar um apoio forte ao seu mandato. Ao mesmo tempo, os deputados vão pedir que os benefícios (cargos e verbas) sejam “pagos à vista”, antes de entregarem a mercadoria (o voto para barrar o impeachment).

O Blog está no FacebookTwitter e Google+.