Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : fevereiro 2014

Dilma já tem 7 partidos em sua aliança
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Fernando Rodrigues

Em 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidente da República com o apoio oficial de 10 partidos políticos.

Agora em 2014, ela já garantiu pelo menos 7 legendas dentro do seu projeto de reeleição. Hoje (20.fev.2014), o PTB dá uma declaração firme de apoio por meio de seu presidente nacional, Benito Gama.

Há 4 anos, em 2010 eram os seguintes os partidos dilmistas (em ordem alfabética): PC do B, PDT, PMDB, PR, PRB, PSB, PSC, PT, PTC e PTN. Naquele ano, o PTB havia ficado na oposição, apoiando a candidatura de José Serra (PSDB).

No momento, são contadas como certas na coalizão governista as seguintes 7 agremiações partidárias: PC do B, PMDB, PR, PRB, PSD, PT e PTB

Dessas 7, já deram declarações objetivas a respeito de apoiar Dilma o PMDB, o PT, o PSD e o PTB. É claro que a formalização só virá, como determina a lei, nas convenções partidárias de junho. Mas é muito improvável que uma dessas siglas saia da aliança governista.

PC do B, PR e PRB não deram declarações claras a respeito da eleição. Só que esses 3 partidos participam com muitos cargos no governo federal e será uma grande surpresa se pularem fora do barco na eleição.

É possível, mas ainda não é certo, que o PDT volte a apoiar a candidatura presidencial do PT, como tem sido a praxe há algum tempo.

O PP também é visto como possível aliado oficial na eleição. Essa é a sigla derivada diretamente da Arena, que deu sustentação à ditadura militar. Em 2010, o PP ficou neutro. Agora, participa do governo com cargos e está sendo forçado a sair do muro e a entrar no projeto de reeleição petista.

Uma defecção certa para Dilma é o PSB, que terá candidato próprio a presidente, Eduardo Campos.

O PSC, outro aliado em 2010, tem sinalizado também com a candidatura do Pastor Everaldo Pereira.

Tudo somado, Dilma deve ter algumas trocas de legendas entre a aliança que fará agora e a que teve em 2010. Mas com a presença de alguns novos aliados e de micropartidos, poderá repetir cerca uma coalizão com na redondeza de 10 legendas –o que dará à presidente o maior tempo de TV e de rádio entre todos os postulantes ao Planalto.

Aécio Neves
O PSDB não conta, no momento, com nenhum aliado ainda certo para outubro. Aécio Neves terá o seu partido e talvez o DEM (ex-PFL) e o SDD (o Solidariedade, criado pelo sindicalista e deputado federal Paulinho da Força).

Eduardo Campos
Além do seu PSB, o governador de Pernambuco tem quase certa a adesão do PPS (antigo PCB, o partidão). Sonha também com o apoio de alguns nanicos e eventualmente do PDT, mas isso não é certo.

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Forte ou fraca, Dilma terá apoio do PTB
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Fernando Rodrigues

O presidente nacional do PTB, Benito Gama, afirma que seu partido já decidiu dar apoio formal para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, “não é porque está forte, porque está fraco” o projeto eleitoral da petista que seu partido embarcará na coalizão.

“Isso é ponto pacífico”, disse Gama em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”. Há chance de recuo? “Não, não há chance”, responde. Afirma também que o PTB estará pronto “para reagir, ajudar a levantar, a contornar o que aparecer”, se Dilma Rousseff enfrentar dificuldades mais adiante.

Em 2010, a petista teve dez partidos em sua coalizão eleitoral. A meta do PT é repetir esse número de legendas ou até ampliar. Haverá algumas trocas. O PSB, por exemplo, terá candidato próprio ao Planalto –Eduardo Campos. No lugar deve entrar o PTB. Outra legenda nova que será dilmista em outubro é o PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Ex-filiado ao PFL (antigo nome do DEM) e ao PMDB, Benito Gama fez carreira sempre como opositor ao PT. Agora, mudou de lado. A convite do Palácio do Planalto, ocupa o cargo de vice-presidente de governo do Banco do Brasil.

E se Dilma for substituída no processo eleitoral pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? “O presidente Lula hoje é um mito na política brasileira (…) A tendência nossa é continuar. Não vejo mudança”, declara. O PTB continuaria do mesmo jeito? “Do mesmo jeito. Não vejo dificuldade nenhuma nessa direção. Esse não é um complicador da nossa conversa”.

Gama, 65 anos, deve deixar seu cargo no Banco do Brasil até abril para se candidatar a deputado federal pela Bahia. Sobre o PTB receber agora uma oferta para ocupar um ministério no governo Dilma, ele responde de maneira ambígua.

Primeiro, afirma que um convite direto da presidente faria “voltar a discussão” sobre o PTB ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios. Em seguida, completa com uma frase na forma adversativa: “Mas a tendência da maioria hoje no partido é de não aceitar uma participação no ministério”.

O PTB é fisiológico? Benito Gama responde com uma peroração filosófica: “A fisiologia no Brasil é a questão de governo. Não é o PTB, nem os outros partidos que querem o governo. O Brasil é governo”.

Como assim? “Todo brasileiro é governo. O empresário é governo, o grande empreiteiro é governo, o grande banqueiro é governo, a grande imprensa –não os jornalistas, que têm a opinião e escrevem sobre os fatos. O governo hoje no Brasil é o maior agente econômico, político e social. Esse fisiologismo que se associa a partidos está em todo o lugar (…) O grande empreiteiro que foi oposição no passado ao PT hoje está lá no PT. O grande banqueiro que estava contra o PT hoje está lá no governo. Não é do PT, ele é governo”.

No ano que vem, o PTB espera voltar para Brasília com 32 deputados federais (hoje tem 20) e participar do governo. Benito Gama pretende ser reeleito presidente da legenda em 2015, com o apoio de Roberto Jefferson, réu condenado no processo do mensalão e até hoje “o maior líder do partido”.

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Ruídos para Dilma
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff continua sendo a favorita para vencer a eleição de outubro, mas há ruídos cada vez mais claros no cenário político. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


Adiar sessão do Congresso expõe fragilidade política de Dilma
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Fernando Rodrigues

Presidente teve de mandar senadores aliados fugirem do plenário para evitar derrota em votação de vetos

Governo pediu apoio, mas líder do PT na Câmara, Vicentinho, liberou bancada para votar como desejasse

Mesmo com a derrubada da sessão do Congresso hoje (18.fev.2014), o Palácio do Planalto sofreu uma grande derrota política.

Os 4 vetos presidenciais que seriam apreciados ficaram pendurados para uma próxima sessão, sem data definida. Se a votação tivesse ocorrido, o governo teria tomado uma surra.

A administração da presidente Dilma Rousseff mostrou que está completamente desarticulada politicamente. Não consegue sequer organizar os seus deputados e senadores numa votação de vetos presidenciais. No papel, o governo tem de sobra os votos para ganhar qualquer coisa no Legislativo. Na prática, hoje, não ganha quase nada.

Seriam apreciados 4 vetos:

– veto total da presidente Dilma Rousseff ao Projeto de Lei Complementar 416/08, do Senado, que regulamenta a criação de municípios;

– veto total ao Projeto de Lei 4268/08, do deputado Sandes Junior (PP-GO), que obrigava municípios a implantar faixa de pedestres na área em torno de escolas;

– veto total ao Projeto de Lei 7191/10, do deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), que regulamenta o exercício da profissão de condutor de veículos de ambulância e de emergência;

– veto parcial ao Projeto de Lei 7639/10, da deputada licenciada Maria do Rosário (PT-RS), que estabelece prerrogativas das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Ices).

Havia risco real de derrubada dos vetos aos projetos sobre cidades e sobre motoristas de ambulâncias.

O governo deixou para o último dia uma tentativa de articulação. Foi uma demonstração de total incompetência política.

É como se uma seleção nacional de futebol adiasse todos os seus trabalhos e fizesse apenas uma sessão de treinamento no dia do seu jogo de estreia na Copa do Mundo. A derrota seria quase certa.

Nesta terça-feira (18.fev.2014), a ministra das Relações Institucionais do Palácio do Planalto, Ideli Salvatti, passou horas dentro do Congresso. Percebeu que a vaca estava indo para o brejo. Recomendou então aos senadores aliados ao Planalto que saíssem da sessão noturna, evitando assim o quórum. A sessão caiu. Os vetos não foram analisados.

Ocorre que o Congresso agora fica com a pauta trancada até que essa votação ocorra. Como o governo não consegue se articular, vai forçar essa paralisação humilhante do Poder Legislativo. É importante ressaltar que os subservientes ao Planalto hoje foram os senadores (em sua maioria), responsáveis pela derrubada do quórum.

As sessões do Congresso ocorrem quando deputados e senadores se reúnem. É mais fácil derrubar o quórum via Senado, pois o número de integrantes dessa Casa é menor (81 contra os 513 da Câmara).

O governo também tem no Senado um pouco mais de força do que na Câmara por uma razão muito simples: os senadores de partidos governistas receberam, proporcionalmente, muitos mais cargos do que os deputados. Tanto é assim que o PMDB hoje é um partido rebelado contra Dilma na Câmara, mas no Senado o DNA dos peemedebistas ainda é dilmista.

Na Câmara a situação está completamente destrambelhada. Por volta das 19h, o vice-líder do governo no Congresso, deputado Odair Cunha (PT-MG), foi até a bancada do PT e fez um apelo para que seus colegas de partido tirassem uma posição a favor da manutenção dos vetos presidenciais. Não foi atendido. O líder petista na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP), acabou encaminhando para liberar seus comandados para votarem como bem desejassem.

Ou seja, muitos deputados petistas estavam prontos para votar contra os vetos de Dilma Rousseff. Só não o fizeram porque a sessão do Congresso caiu por falta de quórum provocada pelos senadores. Pior: nada indica que essa conjuntura possa mudar no curto prazo.

No fundo, o que se passa é que há um alto grau de degradação na articulação política do governo no início deste ano –que vem a ser um ano eleitoral. A entrada de Aloizio Mercadante no posto de ministro-chefe da Casa Civil ainda não serviu para melhorar em nada a situação.

O governo e a presidente Dilma Rousseff enfrentam uma situação cujo desfecho é imprevisível.

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Dilma é favorita, mas cenário segue aberto
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Fernando Rodrigues

Pesquisa MDA/CNT mostra haver espaço para mudanças

A pesquisa sobre intenção de votos para presidente realizada pelo instituto MDA, encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), registra estagnação nos percentuais dos principais candidatos.

Dilma Rousseff (PT) tem hoje 43,7%. Em novembro, na mesma pesquisa, estava com 43,5% das intenções de voto. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, a petista ficou no mesmo lugar.

Aécio Neves (PSDB) tem agora 17%. Em novembro, seu percentual era de 19,3%, ligeiramente acima dos 2,2 pontos percentuais da margem de erro.

Eduardo Campos (PSB) registrou hoje 9,9%. Em novembro, tinha 9,5%.

Nesse cenário, Dilma venceria no primeiro turno. Teria mais de 50% dos votos dados aos candidatos. Aqui, a íntegra da pesquisa.

Ou seja: está tudo acabado? Não, não está. O que deve ser levado em conta:

1) Dilma é favorita, mas há ressalvas: é inegável que a presidente da República dispõe de mais meios do que seus adversários. Muitas obras serão entregues no país inteiro até junho. Aeroportos em reforma ficarão prontos. Haverá um bombardeio de comerciais do governo a respeito de tudo isso. Para completar, mesmo que não cresça muito, a economia não entrará em colapso e nada indica que a taxa de desemprego possa piorar de maneira significativa. O ambiente é razoavelmente tranquilo para Dilma tentar a reeleição.

Mas chama a atenção uma série de fatores não muito favoráveis para a petista. Apesar de toda a propaganda estatal do governo e do clima sempre mais ameno no final e início de ano, a presidente não saiu do lugar. Sua taxa de intenção de votos parece ter batido num teto, pelo menos no momento atual.

A popularidade da presidente está agora em 36,4%, somando aqueles que acham a administração boa ou ótima. Em novembro, a taxa era de 39%. Para politólogos e analistas de pesquisas, toda vez que um presidente no cargo disputa a reeleição com a popularidade abaixo dos 40%, acende-se uma luz amarela. Para Dilma, esse sinal também indica que os brasileiros interromperam, pelo menos por ora, o ciclo de recuperação que vinham oferecendo à petista.

No quesito economia, houve leve deterioração na expectativa dos brasileiros sobre o emprego e a renda nos próximos 6 meses. Hoje, 36,7% acreditam que a situação do emprego irá melhorar no período e 20,7%, que ficará pior. Em novembro de 2013, a taxas eram de 38,3% e 17,6% respectivamente.

Indagados sobre a perspectiva de renda mensal nos próximos 6 meses, hoje 32,2% dos entrevistados respondem que irá melhorar e 12,2%, que diminuirá. Em novembro de 2013, os percentuais eram de 35,4% e 9,6% respectivamente.

Outro fator que pode influir no humor dos brasileiros mais adiante: 75,8% dizem ter sido um desperdício o dinheiro gasto com obras para a Copa do Mundo, um evento cujo impacto ninguém ainda é capaz de saber qual será nas urnas;

2) Aécio Neves patina, apesar do partido: o tucano é quem dispõe do maior partido de oposição. O PSDB, com todos os seus problemas, é a agremiação mais estruturada para entrar numa disputa. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Aécio deve ter uma votação expressiva. Se o tucano se segurar no patamar dos 20% –hoje está um pouco abaixo disso– já vai contribuir, no mínimo, para levar a disputa para o segundo turno;

3) Eduardo Campos, um desconhecido que não cai: há uma curiosidade nessas pesquisas eleitorais que vêm sendo divulgadas. O governador de Pernambuco é o mais desconhecido dos 3 principais pré-candidatos ao Planalto. Ainda assim, ele nunca sofre quedas bruscas na sua taxa de intenção de voto. Ao contrário, ele evolui lentamente para o patamar de 10%, o que pode indicar a busca ainda incerta do eleitor por algum nome alternativo na disputa.

A companheira de chapa de Eduardo Campos é Marina Silva, que quando apresentada como candidata pontua mais do que ele. O Datafolha já mostrou no ano passado que quando o eleitor é informado de que a chapa completa é Eduardo presidente e Marina como vice, o percentual de intenção de votos sobe. Ou seja, é improvável que essa dupla oposicionista fique estacionada apenas nos 10%;

4) Nanicos: em eleições recentes sempre houve candidatos de siglas pequenas, cuja pontuação somada pode ir de 2% a 3%. Pode parecer pouco, mas numa disputa apertada é o que faz a diferença para haver ou não o 2º turno. Na pesquisa MDA/CNT foi colocado o nanico Levy Fidelix, do PRTB, que aparece com 0,4%. Outros devem surgir. Além de Fidelix, podem ser candidatos os seguintes: Eduardo Jorge (PV), Randolfe Rodrigues (PSOL), José Maria (PSTU), Eymael (PSDC), Mauro Iasi (PCB), pastor Everaldo Pereira (PSC) e Denise Abreu (PEN).

Tudo somado, o cenário da sucessão presidencial ainda parece estar em aberto, apesar do favoritismo natural de Dilma Rousseff no momento.

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Agnelo quer comprar 27 mil garrafas térmicas, 1 para cada 5 servidores
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Fernando Rodrigues

Pedro Ladeira/Folhapress - 1.ago.2013

O GDF (Governo do Distrito Federal), comandado por Agnelo Queiroz (PT), pretende comprar 27 mil garrafas térmicas para suas repartições a um custo total de quase R$ 1 milhão.

Na média, é uma nova garrafa para cada 4,8 servidores. Em 2012 –último dado disponível– o GDF tinha 130 mil funcionários públicos na ativa.

O edital 29/2014 busca 4 modelos de garrafas: 12.646 unidades feitas em inox com 1 litro de capacidade (R$ 40,50 cada), 7.603 de plástico com 1,8 litro de capacidade (R$ 37,50 a peça), 3.786 de plástico para 500 ml (R$ 12,66) e 2.806 modelos resistentes a queda com 5 litros de capacidade (por R$ 19,90).

O pregão eletrônico foi aberto na sexta-feira (14.fev.2014), conforme revelou reportagem da Rádio CBN de Brasília.

Não houve lances vencedores para os modelos de inox de 1 litro e resistente a queda de 5 litros, pois as empresas pediram valores superiores ao máximo estipulado pelo governo. Mas a compra dos outros 2 modelos teve ofertas vencedoras. Serão 11.389 garrafas, no valor total de R$ 333 mil.

Ao responder à publicação da notícia, o GDF afirmou que o pregão é destinado à consulta de preços e que as garrafas serão compradas de acordo com a conveniência e o orçamento disponível.

O GDF é um prodígio nas licitações públicas. Em 2013, o governo Agnelo decidiu comprar 17 mil capas de chuva para serem usadas pela Polícia Militar durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, pela bagatela de R$ 310 a unidade. Ocorre que as competições ocorrem nos meses de junho e julho, época de seca em Brasília. Após a repercussão negativa, a compra foi cancelada.

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Residência oficial da Vice-Presidência vira palco de encontro do PMDB
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Fernando Rodrigues

Paulo Skaf, pré-candidato ao governo de SP, será estrela de evento no Jaburu

Moacyr Lopes Junior/Folhapres - 18.fev.2011

O Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer, sedia nesta segunda-feira (17.fev.2014) um convescote do PMDB para afinar a pré-candidatura do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, ao governo paulista.

Além de Temer e Skaf, irão ao jantar prefeitos do PMDB em São Paulo, deputados estaduais, deputados federais e respectivos acompanhantes. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, também confirmou presença. A estimativa é reunir 90 pessoas.

O jantar será na residência oficial, mas custeado pelo PMDB, segundo a assessoria da Vice-Presidência. A estrela do repasto será Skaf. Temer usará o espaço para estimular os correligionários paulistas a mergulhar na campanha do industrial.

O evento revela a confusão entre público e privado na política brasileira. Por analogia, seria como se a presidente Dilma Rousseff organizasse um jantar no Palácio da Alvorada com uma centena de petistas para promover a pré-candidatura de Alexandre Padilha ao governo de SP. Não iria pegar bem.

No primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, essa mesma confusão ganhou a forma de uma estrela de flores vermelhas formando o símbolo do PT plantada por dona Marisa no jardim do Alvorada –desfeita após o canteiro vir à tona.

O Palácio do Jaburu já serviu outras vezes às pretensões política de Skaf, também criticado por usar verbas da Fiesp para se promover em propagandas na televisão. Em 4.mai.2011, sua filiação ao PMDB foi selada na mesma residência oficial, em um jantar com diversos caciques do partido.

(Bruno Lupion)

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Poder e Política na semana – 17 a 23.fev.2014
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Fernando Rodrigues

Nesta semana, Dilma, Aécio e Campos participam de eventos pelo país e o Supremo começa a julgar os últimos recursos no processo do mensalão.

A presidente Dilma Rousseff viajará bastante nos próximos dias. Nesta 2ª feira, vai a Governador Valadares (MG) para cerimônia de formatura de alunos do Pronatec e entrega de máquinas agrícolas. Na 3ª feira, anuncia investimentos do PAC Mobilidade em Teresina e Maceió. Na 5ª feira, estará em Porto Alegre para inaugurar o estádio Beira-Rio e depois em Caxias do Sul (RS) na 36ª Festa da Uva. À noite, segue para o Vaticano, onde acompanha a ordenação de Dom Orani Tempesta cardeal, no sábado.

Seus adversários também se movimentam. Na 5ª feira, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República Aécio Neves lança a candidatura do tucano Pimenta da Veiga ao governo de Minas, em Belo Horizonte. Na 6ª feira, Aécio vai à Baixada Santista, em SP, e no sábado, a Maceió.

Também no sábado, Eduardo Campos e Marina Silva estarão juntos em Porto Alegre para o primeiro encontro regional do PSB e da Rede.

O Congresso terá uma semana agitada. Na 3ª feira, vota 4 vetos da presidente Dilma, incluindo o que derrubou projeto de lei que facilitava a criação de novos municípios. Na mesma data, a Câmara deve votar o marco civil da internet, mesmo que não haja acordo, e definir os novos presidentes das 21 comissões temáticas.

Na quinta-feira, o Supremo julga os embargos infringentes interpostos por José Dirceu, Delúbio Soares, Katia Rabello e José Roberto Salgado no processo do mensalão. Eles tentam reverter a condenação por crimes nos quais tiveram ao menos 4 votos favoráveis.

Também na quinta-feira, uma junta médica examina o ex-deputado federal José Genoino. O resultado dos exames dará elementos para o Supremo decidir se o petista continua em prisão domiciliar ou deve cumprir sua pena em um presídio. Ao longo da semana, há a expectativa de que o ministro Joaquim Barbosa determine a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson.

Eis, a seguir, o drive político da semana. Se tiver algum reparo a fazer ou evento a sugerir, escreva para frpolitica@gmail.com.

 

2ª feira (17.fev.2014)
Dilma em Minas – presidente Dilma Rousseff vai a Governador Valadares (MG) para cerimônia de formatura de alunos do Pronatec e entrega de máquinas agrícolas.

Justiça na ponta – ministro Joaquim Barbosa, presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), abre audiência pública do colegiado sobre eficiência no 1º grau de jurisdição. O evento vai até 3ª feira e é transmitido pela TV Justiça.

Lula e Pepe – ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva janta com o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, em Montevidéu.

Temer e Skaf – vice-presidente Michel Temer promove jantar no Palácio do Jaburu com o pré-candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf, deputados federais e os 90 prefeitos da legenda em São Paulo.

Zanone Fraissat/Folhapress - 21.jun.2013

Saúde de Genoino – advogado do ex-deputado José Genoino protocola petição no Supremo com laudos médicos que confirmariam o “delicado estado de saúde” do petista e “alto risco” cardiovascular. Na 5ª feira (20.fev.2014) uma junta médica enviada pelo Tribunal também examina Genoino.

Cotas no serviço público – Comissão de Direitos Humanos do Senado realiza audiência pública sobre projeto de lei que reserva aos negros 20% das vagas nos concursos públicos.

Metalúrgicos do Paraná – funcionários da fábrica da Volkswagen de São José dos Pinhais (PR) fazem assembleia para votar a proposta de layoff com a empresa. O layoff suspende o contrato de trabalho, mas garante o recebimento do salário. O objetivo é preservar 200 empregos.

Jovens infratores no Piauí – CNJ abre mutirão sobre socioeducação de adolescentes em conflito com a lei. As unidades de internação de Teresina e os processos dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa serão verificados até o dia 27.fev.2014.

Presídio mineiro – CNJ inicia mutirão carcerário no Complexo Penitenciário de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais. As instalações do presídio serão inspecionadas por 2 semanas.

Inflação – Fundação Getúlio Vargas apresenta resultado do IGP-10

 

3ª feira (18.fev.2014)
Dilma no Piauí – presidente Dilma vai a Teresina (PI) de manhã e a Maceió (AL) à tarde para anunciar investimentos do PAC Mobilidade. Leva, a tiracolo, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP) e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, do Piauí.

Vetos presidenciais – Congresso vota vetos da presidente Dilma Rousseff a 4 projetos de lei já aprovados sobre: novas regras para criação de municípios, repasse de recursos públicos às universidades comunitárias, travessia de pedestres nas proximidades de escolas e condução de veículos de emergência. O item mais polêmico é o veto integral ao projeto de lei que facilitava a criação de novos municípios, que poderia ter custo de mais de R$ 1 bilhão por ano, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

Regras para a internet – plenário da Câmara vota o projeto do marco civil da internet. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) garante que o texto será apreciado mesmo que não haja acordo.

Processo Civil – também está na pauta do plenário da Câmara a análise da proposta de novo Código de Processo Civil.

Comissões temáticas – líderes partidários se reúnem para definir quem irá ocupar as presidências das 21 comissões temáticas da Câmara.

Empresários no Paraguai – presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) Robson Braga de Andrada visita o Paraguai acompanhado de 60 empresários para avaliar a oferta de mão de obra, energia e insumos para investimentos brasileiros no país vizinho.

Dantas e Gilmar – repórter Rubens Valente, da “Folha”, lança o livro “Operação Banqueiro”, na livraria Saraiva do shopping Pátio Brasil, em Brasília. A obra trata da Operação Satiagraha, que investigou Daniel Dantas, e das decisões do ministro Gilmar Mendes que beneficiaram o banqueiro.

PDT na TV – partido tem 5 minutos de propaganda em rádio e televisão, divididos em inserções de 30 segundos ou 1 minuto.

 

4ª feira (19.fev.2014)
Dilma e a mobilidade – presidente Dilma Rousseff anuncia investimentos do PAC Mobilidade destinados a Brasília (DF), Natal (RN) e Goiânia (GO). Em cerimônia no Palácio do Planalto.

Padilha no interior paulista – pré-candidato do PT ao governo de SP realiza caravana em cidades do Vale do Paraíba.

Maioridade penal – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania vota projetos que reduzem a maioridade penal. O texto com mais chances de ser aprovado, do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), reduz a 16 anos a maioridade em casos de crimes mais graves.

Sistema tributário – deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator da medida provisória 627/2013, apresenta parecer sobre os 100 artigos do texto, que promove alterações em normas contábeis e tributárias nacionais.

Velocidade no trânsito – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado vota projeto de lei que determina a inclusão de limitador de velocidade nos veículos zero quilômetro e normatiza o sinal de braço antes da travessia de pedestres na faixa.

Jornalistas na ditadura – Subcomissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça do Senado realiza audiência pública sobre a violação de direitos humanos praticadas contra jornalistas durante a ditadura militar.

Lei Anticorrupção – Fundação Getúlio Vargas no Rio promove palestra sobre governança corporativa e as novas leis antilavagem e anticorrupção. Com o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, e os professores Joaquim Falcão e Pierpaolo Bottini.

Serviços – IBGE divulga resultados de sua Pesquisa Mensal de Serviços.

 

5ª feira (20.fev.2014)
Dilma no Rio Grande do Sul – presidente Dilma Rousseff vai a Porto Alegre para inaugurar as obras do estádio Beira-Rio, pela manhã. À tarde, Dilma participa da abertura da 36ª Feira da Uva de Caxias do Sul. À noite, a presidente segue para Roma, onde acompanha a ordenação de Dom Orani Tempesta com cardeal do Vaticano, no sábado (22.fev.2014).

Mensalão – Supremo julga os embargos infringentes interpostos por José Dirceu, Delúbio Soares, Katia Rabello e José Roberto Salgado, condenados no processo do mensalão.

Aécio e Pimenta – senador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República Aécio Neves lança a candidatura do tucano Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais, em evento em Belo Horizonte. Participa do ato o presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, que também almejava a candidatura.

Exames em Genoino – junta médica examina o ex-deputado federal José Genoino, a pedido do ministro do STF Joaquim Barbosa. O resultado dos exames dará elementos para o Supremo decidir se Genoino continua em prisão domiciliar ou deve cumprir sua pena em um presídio.

Emendas parlamentares – último dia para os congressistas indicarem as prefeituras e entidades que receberão os recursos das suas emendas ao Orçamento.

Padilha no interior paulista – pré-candidato do PT ao governo de SP realiza caravana em cidades do Vale do Paraíba.

Morte de cinegrafista – deputados federais reúnem-se com o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, e o comandante da Guarda Municipal do Rio, Leandro Matieli, para acompanhar as investigações sobre a morte do cinegrafista Santiago Andrade.

Superávit – data limite para o governo federal divulgar sua meta fiscal para este ano.

Emprego – IBGE divulga resultados da Pesquisa Mensal de Emprego.

Tesouro – Conselho Monetário Nacional reúne-se em Brasília.

PSL na TV – legenda apresenta programa em rede nacional de rádio e televisão. No rádio, das 20h às 20h05, e na TV, das 20h30 às 20h35.

Líbia vai às urnas – país africano escolhe os 60 membros de assembleia encarregada de elaborar uma nova Constituição.

 

6ª feira (21.fev.2014)
Aécio em Santos – presidente do PSDB e pré-candidato tucano à Presidência da República Aécio Neves participa de encontro com correligionários da Baixada Santista, em SP.

Padilha no interior paulista – pré-candidato do PT ao governo de SP realiza caravana em cidades do Vale do Paraíba.

Exportação de carne – último dia da consulta pública aberta nos Estados Unidos sobre a abertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura brasileira. Hoje o Brasil só vende carne industrializada ao país.

Mineração – Lide (Grupo de Líderes Empresariais) promove o 1º Fórum Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte.

 

Sábado (22.fev.2014)
Campos e Marina em Porto Alegre – PSB e Rede realizam encontro regional na capital gaúcha para discutir o programa da aliança. Eduardo Campos pode aproveitar o evento para anunciar o apoio à candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo do Estado, que não conta com a simpatia de alguns setores da Rede.

Aécio em Alagoas – presidente do PSDB e pré-candidato tucano à Presidência da República Aécio Neves reúne-se com o governador de Alagoas, o tucano Teotônio Viela Filho, em Alagoas.

Dom Orani, cardeal – Dom Orani Tempesta é ordenado cardeal pelo papa Francisco, em cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano, com presença da presidente Dilma Rousseff.

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Terrorismo
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – Numa aula em Londres em 1986 soube que a agência Reuters usava o termo “terrorismo” com parcimônia. Trata-se de uma expressão que contém juízo de valor, sobretudo o adjetivo “terrorista”. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


House of Cards massacra o jornalismo
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Fernando Rodrigues

House-Frank-sangue

Na segunda temporada, série da Netflix expõe as fragilidades da mídia

Repórteres e analistas são pouco informados sobre o que se passa na política

ATENÇÃO: “SPOILERS” NESTE TEXTO!

LEIA SÓ ATÉ A METADE, NA PRÓXIMA MARCAÇÃO VERMELHA

A Netflix coloca no ar nesta sexta-feira (14.fev.2014) a segunda temporada de “House of Cards”, possivelmente a série de TV que mais bem retratou até hoje a crueza da vida política de uma grande capital, no caso, Washington, D.C.

De quebra, uma revolução midiática: “House of Cards” foi o primeiro produto de grande qualidade, consumindo milhões de dólares e elenco estelar, feito apenas para ser transmitido via streaming, com todos os episódios da temporada sendo liberados num mesmo dia no planeta inteiro.

O Blog assistiu sob embargo os 4 primeiros dos 13 episódios. Nesta segunda temporada, um subtema ganha destaque de forma cruel: como os jornais e os jornalistas são desinformados sobre política. Ou como é desigual a relação entre fonte (os políticos) e a mídia (os repórteres), estes últimos sempre subjugados e em posição inferior. Pior ainda: como alguns jornalistas se consideram poderosos e no fundo aparecem de forma patética em “House of Cards”, completamente sem saber o que se passa de fato.

“House of Cards” é protagonizada por Kevin Spacey (de “Beleza Americana” e há muitos anos em Londres encenando Shakespeare). Na série da Netflix, ele é o deputado federal Frank Underwood, um democrata da Carolina do Sul. Implacável nos métodos, passa sobre a cabeça de quem for necessário para conseguir seu objetivo –mais poder.

Como explica Underwood em um de seus monólogos olhando para a câmera, ele despreza as pessoas que se interessam muito e apenas por dinheiro. Dinheiro acaba. O poder, não. Poder é para sempre, afirma o deputado.

Na primeira temporada, Underwood destruiu a reputação de um colega que era autoridade na área da educação, manobrou para indicar a Secretária de Estado (equivalente a ministro das Relações Exteriores no Brasil, mas com muito mais poder) e terminou 2013 pronto para ser nomeado vice-presidente da República.

Nos EUA, quando o cargo fica vago, o presidente indica alguém e o Senado ratifica. Daí a frase pronunciada (presente no trailer desta segunda temporada) por Underwood ao tomar posse. Incorporando o seu “Ricardo 3º mode”, ele olha para a câmera diz, cínico: “A um passo da Vice-Presidência e nenhum voto recebido em meu nome… A democracia é tão superestimada”.

Eis o trailer:

No meio de todas as suas manobras na primeira temporada, Underwood ainda encontrou tempo para matar –isso mesmo, matar– o deputado Peter Russo que atrapalhava o seu caminho. Agora, haverá pelo menos mais uma morte.

A segunda temporada é soturna. Tem cenas mais escuras do que a primeira. Essa é a impressão depois de assistir aos 4 primeiros episódios, todos lúgubres e aflitivos. Underwood está lá. Também está sua mulher, a inefável Claire (a excelente atriz Robin Wright). E todas as maquinações dentro do Congresso e da Casa Branca para favorecer um grande milionário na área de energia, tentar emplacar o novo líder da maioria e aprovar um plano de reforma previdenciária reduzindo a idade mínima de aposentadoria.

Esses temas remetem também à política praticada em várias democracias representativas ocidentais que copiam o modelo dos EUA –ou tentam copiar, como o Brasil.

Mas o que me chamou a atenção foram as relações fonte-jornalista. Já na primeira temporada, o deputado Frank Underwood escolhe uma repórter iniciante no principal jornal da capital dos EUA para ser o seu canal privilegiado de vazamentos. Trata-se de Zoe Barnes, interpretada por Kate Mara.

Nos episódios de 2013, Zoe Barnes já demonstra algumas fraquezas éticas. Vai para a cama e faz sexo com o deputado. Permite a ele, numa prova de que é uma repórter confiável, fotografá-la nua depois de terem transado. Essas imagens reaparecem agora nos episódios de 2014, de maneira assustadora.

RACHEL MADDOW
No início do segundo episódio desta segunda temporada, Frank Underwood toma posse como vice-presidente dos EUA. Enquanto se prepara para cerimônia dando um nó na gravata, uma TV está sintonizada na comentarista Rachel Maddow , da MSNBC, o canal a cabo mais identificado com os democratas. Ela tem mais de 2.8 milhões de seguidores no Twitter.

Maddow aparece como ela própria. Dá ainda mais verossimilhança à série. Em 2013 outros jornalistas e analistas políticos também apareceram representando a si mesmos –Soledad O’Brien (da CNN), Bill Maher (HBO) e George Stephanopoulos (ABC), entre outros.

Desta vez a aparição de Maddow é constrangedora. Ao assistir fiquei me perguntando: por que uma jornalista de prestígio como ela aceitaria ser mostrada nessas condições, quase como uma tonta?

Frank Underwood manobrou o presidente da República para virar vice-presidente. Conseguiu escolher a dedo uma deputada novata para ficar no lugar que fora dele como líder da maioria na Câmara. Tem nas mãos também um magnata amigo da Casa Branca. Enfim, trata-se de alguém que manda em Washington.

Não obstante, Rachel Maddow analisa a nomeação da seguinte forma: “… Não é a escolha mais inspiradora para vice-presidente, certo? Quer dizer… Um respeitado operador, pragmático… Mas vamos admitir, provavelmente […] só um esquentador de cadeira até 2016”.

A análise é obtusa. Errada. Maddow representando a si própria demonstra que não conhece talvez o poder do político mais influente na administração federal. Não faz menção à guerra de bastidores vencida pelo novo vice-presidente. Enfim, para quem assiste a “House of Cards”, a comentarista da MSNBC surge cometendo o pior pecado de um jornalista: ser desinformado.

Por outro lado, é até louvável que Maddow tenha participado como ela própria no seriado, de forma magnânima, mostrando uma vulnerabilidade desalentadora da mídia. Não deixa de ser um alerta para quando assistimos aos “talking heads” politólogos na TV todas as noites. Nos EUA o mesmo aqui no Brasil.

Mas o problema maior da relação entre fonte e jornalista está entre Frank Underwood e Zoe Barnes.

ATENÇÃO, MAIS SPOILERS! MUITOS
Se você não quer saber o que se passa, PARE AQUI! Fuja das redes sociais e nunca nem pense em digitar “House of Cards” num buscador. Assista antes aos episódios da segunda temporada.

Quando a série terminou em 2013, Zoe Barnes estava perto de descobrir se Frank Underwood matou uma pessoa –o deputado federal Peter Russo que estava atrapalhando a vida do protagonista da série.

No início desta segunda temporada, Zoe avança um pouco na apuração com a ajuda de seu novo namorado, o repórter Lucas Goodwin, um editor do jornal “The Washington Herald” (uma referência direta ao “Washington Post”), e da amiga também repórter Janine Skorsky.

A esta altura, tanto Zoe quanto Janine já saíram do “Washington Herald” e trabalham para o site online de notícias “Slugline” –outra referência aos tempos difíceis enfrentados pela mídia.

Zoe se aproveita do namorado, que tem muitas fontes entre policiais de Washington e pode checar as circunstâncias em que o deputado assassinado por Underwood foi apresentado como suicida.

Fica sempre a impressão de que entre Zoe e Lucas a relação é assimétrica. Ele parece nutrir algum sentimento. Ela, interesse.

A direção de “House of Cards” é especialmente severa na composição da personagem Zoe Barnes. Em 2013, a jornalista foi para a cama com Underwood. Agora, logo no primeiro episódio, aparece nua e de bruços sobre a cama enquanto espera seu namorado chegar ao orgasmo. Com cara de tédio, a jornalista vira o rosto para trás e pergunta: “Are you finished…? I am good” (Você acabou…? Eu estou bem”).

Se alguém pensou na relação e no diálogo de uma prostituta com seu cliente, acertou. Essa é a ideia que fica, de maneira quase grosseira (“termine logo”). O grave aqui é que se trata de uma jornalista e sua fonte-namorado. E mais: a repórter que está investigando o político mais poderoso naquele momento em Washington. Eis aí como aparece a mídia em “House of Cards”.

Em completo anticlímax, Lucas para de transar. Esparrama-se ao lado de Zoe na cama. Ela caminha nua até o box para tomar um banho. Ouve Lucas dizer que não está certo ouvir dela “finished” e “shut down” nessas ocasiões. A repórter se volta e olha para o namorado. E ele: “Aqui está seguro, Zoe. Eu não sou ele” –numa referência direta a Frank Underwood.

Nos dias seguintes Zoe tenta obter mais pistas sobre o deputado que suspeita ter sido assassinado. Mas quem mais dá dicas a ela é Lucas, que descobre que o político morto foi encontrado no banco do carona do carro, e não na posição do motorista –a morte foi por asfixia e inalação de gases do escapamento do carro. Lucas e Zoe não sabem, pois isso não consta do relatório da polícia, mas Underwood se aproveitou que o colega congressista estava bêbado e o deixou desacordado na garagem fechada, com o motor do carro ligado e a porta fechada.

Underwood pede um encontro com Zoe. A repórter discute essa possibilidade com o namorado e com a amiga jornalista, que se mostram reticentes. “Eu só vou falar com ele. Não vou foder com ele”, responde Zoe.

O encontro se realiza num dos diversos parques de Washington, Rock Creek Park. Enquanto isso, Lucas já havia conseguido o relatório da polícia sobre o caso do “suicídio” e envia dados por SMS para Zoe –a história do banco do carona.

Quando Underwood e Zoe estão frente a frente há um forte componente autoritário por parte do político. É a autoridade versus alguém visivelmente mais frágil. “Onde está seu celular?”, é a primeira pergunta do deputado.

E Zoe: “Está aqui. Não está gravando”.

São duas pessoas que já tiveram sexo e compartilham segredos de Estado, mas ainda têm de começar uma conversa com a desconfiança a respeito de o diálogo estar ou não sendo gravado.

Quem manda ali é Underwood, o político. Não Zoe, a repórter.

Zoe começa a fazer perguntas sobre o deputado que havia cometido “suicídio”. Sugere que Underwood saiba mais do que admite.

Frank se levanta…

“Você vai me culpar se eu achar difícil confiar em você agora?”, pergunta a repórter. Sem mexer um músculo da face, o político dá o bote: “Confie em mim ou não, eu estou para ser confirmado como vice-presidente e a nossa relação vai se estender para o Salão Oval agora”.

É a fonte poderosa tentando engambelar a repórter. Na prática, propõe um negócio: dê imunidade para mim e eu dou a você acesso ao poder.

A repórter fica em silêncio. Demonstra estar tentada a aceitar.

Underwood insiste:

“Não saia da luz do sol agora sem razão… Vamos começar um novo capítulo a partir do zero… Pense a respeito [com o indicador toca no queixo de Zoe e levanta seu rosto]… A gente se vê”.

Mas Zoe continua em dúvida. Revela uma certa ingenuidade ao querer novamente falar com Underwood sobre o mesmo assunto. Parece em busca de argumentos para mentalmente aliviar-se e desincumbir-se de culpa por não conseguir apurar a história integralmente.

Zoe e Underwood se encontram na estação de metrô Cathedral Heights. A repórter admite que ultrapassou limites éticos e físicos com ele. Mas quer saber detalhes da operação da qual ela julga ter participado de maneira talvez inadvertida.

Ríspido, Underwood quer saber qual operação. “Do assassinato de alguém”, responde Zoe.

“Jesus”, exclama Underwood, irritado. E sai andando.

Eles estavam quase de costas um para o outro, em torno de um tapume que havia sobre a plataforma da estação de metrô, parcialmente em reforma.

Zoe se volta para a direção na qual o deputado se dirigia. “Eu quero acreditar em você”.

Eles estão em um ponto cego no qual câmeras do Metrô nada gravam. Underwood se vira rapidamente. Agarra Zoe pelos ombros com as duas mãos. Arremessa a repórter com violência para o fosso da plataforma um segundo antes de um trem passar.

Zoe morre. Underwood sai do local vestindo sobretudo e chapéu. Anda normalmente.

Ao chegar em casa, é recebido pela mulher, Claire. A sala está escura. Há um pequeno bolo à mesa e uma vela acesa. É aniversário de Underwood. Ele se senta, coloca o dedo sobre a vela e a apaga. Não há diálogo.

Esse roteiro é um pouco além do que a realidade pode nos propiciar? Pode ser. Políticos bandidos já não matam inimigos nem mesmo repórteres com suas próprias mãos. Eles têm quem faça para eles o trabalho sujo.

Mas “House of Cards” é uma metáfora. Uma alegoria do poder se sobrepondo à mídia, incapaz de fazer investigações. É um espetáculo que merece ser assistido.

Num dado momento, Frank Underwood vai comer suas costelas de porco favoritas num boteco de Washington. A carne está melhor do que o de costume. O atendente explica que tem comprado o produto de um novo açougueiro. O animal é morto com sangria de forma bem lenta. É cruel e possivelmente ilegal, diz. Mas a carne fica mais suculenta.

É como diz Underwood: “Para aqueles de nós escalando até o topo da cadeia alimentar, não pode haver misericórdia. Só há uma regra. Cace, ou seja caçado”.

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