Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : PT

Agência digital do PT anuncia fim do contrato de R$ 6,4 milhões com partido
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Fernando Rodrigues

Pepper já fez duas campanhas presidenciais

Empresa também cuida do Facebook de Dilma

Pepper-logo

Logotipo da Pepper Interativa, extraído da página da empresa na internet

A Pepper, agência de comunicação interativa que atua nas redes sociais, entregou nesta 5ª feira (10.set.2015) uma carta à Direção Nacional do PT anunciando que não pretende renovar o contrato que mantém com o partido.

A relação entre a empresa e o PT continua até 31 de dezembro. Na carta enviada ao presidente nacional do partido, Rui Falcão, a Pepper diz ter resolvido informar sua decisão com antecedência para que seu cliente tenha tempo de “selecionar e escolher um novo fornecedor, sem risco de descontinuidade do serviço de comunicação digital”.

O contrato que a Pepper mantém com o PT tem um valor de R$ 530.000,00 por mês –um total de R$ 6,360 milhões por ano. A empresa trabalha para o partido há 4 anos, cuidando da comunicação da legenda nas redes sociais, criando e produzindo o conteúdo do site. Desde 2012, a Pepper também administra o Facebook da presidente Dilma Rousseff.

Com o final do contrato, o PT terá de procurar outra empresa para cuidar do Facebook da presidente da República.

OPERAÇÃO ACRÔNIMO
Neste ano de 2015, a Pepper esteve no noticiário por causa da Operação Acrônimo, que tem como um dos alvos principais o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e a mulher dele, Carolina Oliveira.

A Operação Acrônimo, conduzida pela Polícia Federal, apura suspeitas de desvio de recursos públicos para o financiamento de campanhas do PT. Em junho, por determinação do ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi realizada busca e apreensão na sede da Pepper, em Brasília, e em outras empresas.

As investigações começaram em 2014, depois de policiais federais terem apreendido um avião com R$ 113 mil a bordo. Próximo a Pimentel, o empresário do setor gráfico Benedito Rodrigues, o Bené, estava na aeronave.

A Pepper apareceu no âmbito da Operação Acrônimo, entre outras razões, porque Carolina Oliveira trabalhou por 28 meses na empresa e recebeu um total de R$ 440.000 nesse período (anos de 2013 a 2014). A empresa também prestou serviços nessa mesma época ao BNDES e recebeu R$ 520 mil.

Em um comunicado oficial, a Pepper nega qualquer irregularidade. Diz que todos os contratos foram legais e os preços compatíveis com os praticados no mercado.

O QUE É A PEPPER
A Pepper, cuja proprietária é Danielle Miranda Fonteles, trabalha para o PT desde meados de 2010. Ajudou o marqueteiro João Santana, responsável pela campanha eleitoral que levou Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.

A empresa foi criada em 2008 para atuar nas redes sociais, desenvolvendo portais, sites e produzindo conteúdo para a web.

Entre outros trabalhos e clientes da Pepper estão o portal Sou Agro e o site de notícias Metrópoles, que acaba de ser lançado em Brasília sob o comando do ex-senador Luiz Estevão.

Além da campanha eleitoral de Dilma, em 2010, a Pepper atuou em 2014 nas campanhas vitoriosas ao governo da Bahia, de Rui Costa (PT), e ao governo de Alagoas, de Renan Filho (PMDB). Em 2008, a empresa trabalhou para a então petista Marta Suplicy, que disputou (e perdeu) a eleição para a Prefeitura de São Paulo.

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Governo encolhe na “elite” do Congresso
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Fernando Rodrigues

52% dos congressistas mais influentes de 2015 são governistas

Em 2014, havia 69% de aliados do Planalto entre os “cabeças”

Lista “Cabeças do Congresso”, do Diap, tem os 100 mais influentes

Grupo de Eduardo Cunha conquista espaço na elite da Câmara

A representação de deputados e de senadores aliados ao governo encolheu dentro do grupo considerado de “elite” no Congresso Nacional. É o que mostra a edição de 2015 dos “Cabeças do Congresso”, levantamento anual produzido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

O Blog teve acesso aos dados que serão divulgados hoje (31.ago.2015).

Este ano, 52 dos 100 deputados e senadores mais influentes pertencem a partidos aliados ao governo. No ano passado, 69 dos 100 mais influentes eram de partidos aliados à administração de Dilma Rousseff (PT). A lista completa pode ser consultada no fim desta postagem. A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

A tabela a seguir mostra a divisão dos “cabeças” por partidos políticos (clique na imagem para ampliar):

cabecas_DIAP_2015
A edição de 2015 também mostra um ligeiro recuo do PT entre os deputados e senadores mais influentes. Em 2014, o partido tinha 27 congressistas na lista dos “Cabeças”. Este ano, são 24. O PMDB saiu de 15 (2014) para 12 na lista dos mais influentes. O PSDB ampliou o espaço entre a “elite” do Congresso, passando de 11 para 14 nomes entre 2014 e 2015. O resultado coloca os tucanos como a 2ª força com mais nomes entre os “cabeças”. Um resumo da edição de 2015 está disponível aqui

O levantamento deste ano registra também o avanço do grupo de apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Vários dos novos “Cabeças” de 2015 são ligados ao político fluminense. É o caso de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), eleito líder da bancada peemedebista em fevereiro; de André Moura (PSC-SE), líder do partido; e de Júlio Lopes (PP-RJ), entre outros.

Vários outros aliados de Cunha foram incluídos no grupo dos congressistas “Em Ascensão”. Segundo o Diap, são deputados e senadores que vêm ganhando relevância no Congresso. É o caso de Hugo Motta (PMDB-PB), Beto Mansur (PRB-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Efraim Filho (DEM-PB), por exemplo.

Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Diap, a edição de 2015 reflete a desarticulação da base governista. “Percebe-se um déficit de coordenação política da parte do governo. A dita base aliada não trabalha de forma coordenada, e vários dos deputados e senadores que são nominalmente aliados trabalham contra o governo no dia a dia”, destacou Toninho, como é conhecido o coordenador do levantamento.

Esta é a 22ª edição do levantamento dos “Cabeças” do Congresso. A primeira edição do estudo foi publicada em 1994. As edições anteriores do levantamento podem ser consultadas aqui.

Veja a lista dos 100 mais influentes do Congresso em 2015, segundo o DIAP:
*Os nomes em letras maiúsculas são os dos deputados e senadores que entraram este ano para a lista dos 100 mais influentes.

PT (24)
Deputados (14)
AFONSO FLORENCE (BA)
Alessandro Molon (RJ)
Arlindo Chinaglia (SP)
Carlos Zarattini (SP)
ERIKA KOKAY (DF)
Henrique Fontana (RS)
JORGE SOLLA (BA)
José Guimarães (CE)
Marco Maia (RS)
MARIA DO ROSÁRIO (RS)
Paulo Teixeira (SP)
SIBÁ MACHADO (AC)
VICENTE CÂNDIDO (SP)
Vicentinho (SP)

Senadores (10)
Delcídio do Amaral (MS)
FÁTIMA BEZERRA (RN)
Gleisi Hoffmann (PR)
Humberto Costa (PE)
Jorge Viana (AC)
José Pimentel (CE)
Lindbergh Farias (RJ)
Paulo Paim (RS)
PAULO ROCHA (PA)
Walter Pinheiro (BA)

PSDB (14)
Deputados (7)

Bruno Araújo (PE)
Carlos Sampaio (SP)
Domingos Sávio (MG)
Luiz Carlos Hauly (PR)
MARCUS PESTANA (MG)
NILSON LEITÃO (MT)
Paulo Abi-Ackel (MG)

Senadores (7)
Aécio Neves (MG)
Aloysio Nunes Ferreira (SP)
Álvaro Dias (PR)
ANTONIO ANASTASIA (MG)
Cássio Cunha Lima (PB)
JOSÉ SERRA (SP)
TASSO JEREISSATI (CE)

PMDB (12)
Deputados (4)
Darcísio Perondi (RS)
Eduardo Cunha (RJ)
LEONARDO PICCIANI (RJ)
MANOEL JUNIOR (PB)

Senadores (8)
Eunício Oliveira (CE)
Renan Calheiros (AL)
RICARDO FERRAÇO (ES)
Roberto Requião (PR)
Romero Jucá (RR)
ROSE DE FREITAS (ES)
Valdir Raupp (RO)
WALDEMIR MOKA (MS)

PSB (8)
Deputados (5)

FERNANDO COELHO FILHO (PE)
GLAUBER BRAGA (RJ)
JÚLIO DELGADO (MG)
Luiza Erundina (SP)
TADEU ALENCAR (PE)

Senadores (3)
Antônio Carlos Valadares (SE)
JOÃO CAPIBERIBE (AP)
LÍDICE DA MATA (BA)

DEM (7)
Deputados (5)

JOSÉ CARLOS ALELUIA (BA)
Mendonça Filho (PE)
Onyx Lorenzoni (RS)
Pauderney Avelino (AM)
Rodrigo Maia (RJ)

Senadores (2)
José Agripino Maia (RN)
Ronaldo Caiado (GO)

PCdoB (6)
Deputados (5)

Alice Portugal (BA)
Daniel Almeida (BA)
Jandira Feghali (RJ)
LUCIANA SANTOS (PE)
ORLANDO SILVA (SP)

Senadora (1)
Vanessa Grazziotin (AM)

PP (5)
Deputados (3)

Eduardo da Fonte (PE)
JÚLIO LOPES (RJ)
RICARDO BARROS (PR)

Senadores (2)
Ana Amélia (RS)
Ciro Nogueira (PI)

PTB (4)
Deputados (3)

ALEX CANZIANI (PR)
Arnaldo Faria de Sá (SP)
Jovair Arantes (GO)

Senador (1)
Fernando Collor (AL)

PDT (3)
Deputado (1)

André Figueiredo (CE)

Senadores (2)
ACIR GURGACZ (RO)
Cristovam Buarque (DF)

PR (3)
Deputados (2)

Lincoln Portela (MG)
MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (AL)

Senador (1)
BLAIRO MAGGI (MT)

PSol (3)
Deputados (2)

Chico Alencar (RJ)
Ivan Valente (SP)

Senador (1)
Randolfe Rodrigues (AP)

SD (3)
Deputados (3)

ARTHUR MAIA (BA)
LAÉRCIO OLIVEIRA (SE)
Paulo Pereira da Silva (SP)

PPS (2)
Deputados (2)

Roberto Freire (SP)
Rubens Bueno (PR)

PSC (2)
Deputados (2)

ANDRE MOURA (SE)
Silvio Costa (PE)

PRB (1)
Deputado (1)

CELSO RUSSOMANO (SP)

Pros (1)
Deputado (1)

Miro Teixeira (RJ)

PSD (1)
Deputado (1)

ROGÉRIO ROSSO (DF)

PV (1)
Deputado (1)

Sarney Filho (MA)

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Marta Suplicy avança na articulação para fazer o PMDB abandonar Haddad
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Fernando Rodrigues

Marta-Temer-Foto-JoseCruz-AgenciaBrasil-viaFotosPublicas

Marta e Temer: PMDB cada vez mais longe de Haddad em São Paulo

 

Neo-peemedebista tem encontro hoje com Skaf (Fiesp)

Michel Temer dá corda para negociações andarem

Estão cada vez mais robustas as articulações de Marta Suplicy para que o PMDB, seu novo partido, abandone a administração do petista Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.

A ex-prefeita paulistana e hoje senadora por São Paulo entendeu o recado recebido de Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB. Ele recomendou que Marta começasse a falar com as pessoas que vão decidir qual será a posição do partido nas eleições municipais de 2016.

Marta tem conversado com vereadores paulistanos. Ontem, domingo (23.ago.2015), ela tinha marcada uma conversa com Gabriel Chalita, em teoria seu principal adversário interno no PMDB para a disputa da Prefeitura de São Paulo.

Nesta segunda-feira (24.ago.2015), no final do dia, Marta deve fazer uma visita ao presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Ele é filiado ao PMDB e pretende ser candidato a governador de São Paulo em 2018. Foi um dos grandes incentivadores da entrada de Marta no PMDB.

Chalita é secretário da Educação na administração de Fernando Haddad. Ao assumir a função, ficou subentendido que poderia ser o candidato a vice-prefeito, em 2016, quando Haddad deve tentar a reeleição –e aí o PMDB estaria incorporado à aliança eleitoral paulistana com o PT.

Agora, com as dificuldades que a “marca PT” vem sofrendo em todo o país, o PMDB não está mais enxergando como uma grande vantagem ficar junto ao prefeito Haddad. Marta Suplicy tornou-se peemedebista com a perspectiva de ser candidata a prefeita pela legenda.

Ela tem dito a integrantes do PMDB paulistano que o cenário vai mudar bastante até 2016. Chega a afirmar que a presidente Dilma Rousseff pode perder o cargo e que o vice, Michel Temer, assumiria no lugar –e aí Gabriel Chalita seria ministro e não disputaria mais a vaga de candidato a prefeito em 2016.

É impossível saber como vão terminar as articulações de Marta. Só uma coisa é conhecida: ela tem se movimentado com muita disciplina e determinação.

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Dilma marca encontro com senadores “independentes” no Planalto
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Fernando Rodrigues

Sérgio Lima/Folhapress - 23.set.2005

Cristovam Buarque (dir.), do PDT-DF, é um dos convidados para o encontro com Dilma

PDT, PSB e PSOL mandam representantes

A presidente Dilma Rousseff tem um encontro marcado para esta quinta-feira (13.ago.2015) com a ala “independente” do Senado. O encontro é mais um movimento para tentar acumular força política antes dos protestos antigoverno agendados para domingo (16.ago.2015).

Giles Azevedo, braço direito de Dilma no Planalto, começou a fazer os convites ontem, no final do dia. Entre outros, devem participar Cristovam Buarque (PDT-DF), Lasier Martins (PDT-RS), Lídice da Mata (PSB-BA,  João Capiberibe (PSB-AP),  Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Waldemir Moka (PMDB-MS).

O grupo de senadores se reúne quase toda semana em Brasília. Consideram-se “independentes” do governo, mas não seguem as orientações da oposição. José Medeiros (PPS-MT) também foi chamado, mas não confirmou presença. Ricardo Ferraço (PMDB-ES) foi convidado e recusou. A um assessor, disse: “Tenho mais o que fazer”.

Nas últimas semanas, Dilma ampliou os contatos com políticos. O último movimento do tipo ocorreu nesta 2ª feira, quando ela jantou com mais de 40 senadores aliados ao governo. Na semana anterior, foram os líderes de bancada dos partidos da base governista na Câmara.

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Conheça a “Agenda Brasil”, tentativa do governo para debelar a crise
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Fernando Rodrigues

Joaquim Levy fala à imprensa após reunião com Renan – 10.ago.2015 (Ag. Brasil)

Planalto negocia 28 propostas polêmicas:

– regulamentar trabalhadores terceirizados

– revisar marcos jurídicos de áreas indígenas

– acelerar a liberação de licenças ambientais

– cobrar dos mais ricos pelo uso do SUS

– ampliar a idade mínima para aposentadoria

– vender terrenos da Marinha e prédio militares

A presidente Dilma Roussseff autorizou a sua equipe econômica a negociar com os governistas do Senado uma ampla pauta com medidas que possam ajudar a arrefecer a crise política e sinalizar para o final das dificuldades econômicas do país.

O documento “Agenda Brasil” contém itens polêmicos. Tudo foi formatado ao longo do dia de hoje (10.ago.2015). Participaram das reuniões na residência oficial da presidência do Senado os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Edinho Silva (Secom) e Eduardo Braga (Minas e Energia). Por parte dos senadores estiveram os peemedebistas Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE).

O ministro Joaquim Levy ficou de dar uma resposta às 16h de 4ª feira (12.ago.2015) a respeito de quais temas o Planalto considera mais prioritários  -e politicamente viáveis. O ministro da Fazenda deverá apresentar a posição do governo a Renan Calheiros e a um grupo de líderes de siglas pró-Dilma.

O Senado, do seu lado, também analisará todos os itens e dirá ao ministro quais são as votações mais exequíveis da chamada “Agenda Brasil”. Nesta 3ª feira (11.ago.2015), às 15h, o presidente do Senado, Renan Calheiros, comanda uma reunião de líderes partidários para definir a pauta da Casa.

PAUTA POLÊMICA
A chamada “Agenda Brasil” está dividida em três áreas: “Melhoria do ambiente de negócios e infraestrutura”, “Equilíbrio Fiscal” e “Proteção Social”. O texto traz propostas novas e defende algumas que já estão em discussão, como a “Lei de Responsabilidade das Estatais”.

Há muitos temas polêmicos propostos. Por exemplo, “regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados, melhorando a segurança jurídica face ao passivo trabalhista potencial existente e a necessidade de regras claras para o setor”.

Segundo Renan Calheiros, não será um “liberou geral”, mas uma regularização de quem já atua de maneira terceirizada. “O país não pode ignorar que existem hoje 13 milhões de trabalhadores terceirizados”, diz o peemedebista. Para o presidente do Senado, o país precisa enfrentar esse passivo regulatório para se tornar mais atraente para investimentos e “para que o Brasil não perca o grau de investimento que está para ser reavaliado pelas agências de classificação de risco”.

O trecho sobre infraestrutura da “Agenda Brasil” propõe, a “revisão dos marcos jurídicos que regulam áreas indígenas“, com o objetivo de “compatibilizá-las com as atividades produtivas”. Também será revista a legislação sobre “investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas“, para “incentivar novos investimentos produtivos”.

O governo quer ainda acelerar a liberação de licenças ambientais, estabelecendo prazos para a liberação deste tipo de autorização.

Chamada de “PEC [proposta de emenda constitucionais] das obras estruturantes”, essa medida se propõe a “estabelecer processo de fast track [caminho rápido] para o licenciamento ambiental” para obras listada no PAC (programa de aceleração do crescimento).

No trecho sobre os programas sociais, o documento sugere mudanças no funcionamento do SUS. Eis uma medida proposta: “Avaliar a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS por faixa de renda. Considerar as faixas de renda do IRPF”. Ou seja, em teoria, passar a cobrar de quem é mais rico por atendimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde –que hoje é universal e trata de pobres e ricos, indistintamente.

Ainda sobre o sistema de saúde: “Avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS“. Nesse caso, hospitais e planos de saúde privados poderiam mais facilmente se livrar de alguns atendimentos aos seus clientes.

Para a Previdência Social, a “Agenda Brasil” fala em outra medida há muito tempo desejada pelo governo: “Ampliar a idade mínima para aposentadoria“.

De interesse do governo, para aumentar a arrecadação, há medidas como a imposto sobre heranças com alíquota de 25%,  venda de terrenos da Marinha e de edificações militares e “favorecer maior desvinculação orçamentária, dando maior flexibilidade ao gasto público“.

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Dilma convoca reunião da coordenação política para domingo à noite
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Fernando Rodrigues

Boa Vista - RR, 07/08/2015. Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de 747 unidades habitacionais dos Residenciais Pérola VI e VII e Ajuricaba, do Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma foi hoje (7.ago) a Roraima. Segunda, vai ao Maranhão. A crise fica em Brasília

Presidente que reagrupar aliados no Congresso

PT e PMDB terão de ceder cargos a aliados

Alteração no ministério estará em pauta

Mercadante continua sendo o mais criticado

Como viajará para o Maranhão na 2ª feira (10.ago.2015) cedo, a presidente Dilma Rousseff antecipou para domingo à noite a reunião de sua coordenação política. Será às 19h, no Palácio da Alvorada.

Participam os ministros palacianos, o vice-presidente da República e alguns líderes governistas no Congresso.

A pauta é densa. Entre outros temas, estará em discussão algum tipo de reforma ministerial, a demissão de pessoas que ocupam cargos federais, mas seus partidos não dão votos no Congresso. E, mais sensível de tudo, a eventual troca de ministros palacianos.

O titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é dado como um peso morto na articulação política pela maioria dos partidos aliados ao governo. Além de ter sido citado na Operação Lava Jato (ele nega envolvimento), Mercadante não interage com o Congresso de maneira positiva.

Nesta semana, Mercadante fez elogios públicos à oposição. Um aliado que assistia disse: “Agora ele se superou. Além de não agradar quem é do governo, passou a afagar a oposição”.

Essa inoperância das ações erráticas do Planalto, como as de Mercadante, serão tema do encontro de domingo à noite.

ROUPA SUJA – PT X PMDB
Fale com o PMDB e a frase é sempre a mesma: “O PT não entrega os cargos e não temos como atender aos outros partidos aliados”.

Fale com o PT e a frase é sempre a mesma: ‘O PMDB não entrega os cargos e não temos como atender aos outros partidos aliados”.

Trata-se da típica situação em que os dois lados têm razão. O PT, em número de cargos, está mais bem servido. Mas o PMDB tem postos considerados mais “saborosos” (por terem orçamentos maiores).

Um exemplo sempre citado por petistas é o caso do PSD, de Gilberto Kassab, atual ministro das Cidades. Com uma bancada de 34 deputados, o PSD é altamente infiel ao Planalto.

A gênese da traição do PSD está sobretudo em 4 Estados, nos quais cobiça indicar pessoas para cargos federais hoje ocupados por peemedebistas –nas áreas de portos, pesca e saúde. No Pará, o domínio é de Jader Barbalho. No Amazonas, de Eduardo Braga. Em São Paulo, Michel Temer é o grande cacique dos cargos do PMDB. No Maranhão, o ex-senador José Sarney continua a ser influente.

PDT
Haverá um certo clima de lavagem de roupa suja nessa reunião de domingo à noite. A ideia é verificar o quanto a fisiologia poderá ser usada nos próximos dias –na distribuição de cargos– para recompor, de maneira eficaz, um número mínimo de deputados fiéis ao Planalto.

Para resolver essa equação, alguns partidos hoje no governo podem ser ejetados. É o caso do PDT, que nesta semana anunciou o rompimento com o Palácio do Planalto –mesmo sendo “dono” do Ministério do Trabalho (ocupado por Manoel Dias) e de vários cargos federais nos Estados.

O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), foi o porta-voz nesta semana do rompimento com o governo. Curiosamente, Figueiredo tem indicados seus em uma diretoria do Banco do Nordeste e no comando da Delegacia Regional do Trabalho no Ceará.

Casos como o do PDT de André Figueiredo serão avaliados no domingo à noite por Dilma e sua coordenação política. No raciocínio do governo, será não vale a pena manter pseudoaliados. Muito menos congressistas que rompem com o Planalto, mas mantém indicados seus em cargos federais.

PTB
Uma pendência fisiológica curiosa envolve o PTB, outra sigla que anunciou rompimento com o Planalto nesta semana.

O PTB está de olho num cargo de direção na Casa da Moeda. Mas o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não cede por achar que ali não se deve lotear os espaços de maneira política.

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Análise: o problema do governo Dilma está dentro do governo Dilma
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Fernando Rodrigues

Dilma-Planalto-Foto-RobertoStuckertFilho-PR-04ago2015

Dilma ao lado de apoiadores do Mais Médicos, num momento de autoengano no Planalto (4.ago.2015)

Base aliada ao Planalto está desconjuntada e sem comando

PT e seus líderes seguem atacando a política de Joaquim Levy

Mal começou o segundo semestre legislativo no Congresso e o Palácio do Planalto já tomou algumas chapuletadas.

O mais cômodo (e errado) neste momento é colocar a culpa no presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que anunciou ter rompido (“do ponto de vista pessoal”) com o governo Dilma.

Outro erro é achar que no Senado a responsabilidade é toda de Renan Calheiros (PMDB-AL), que comanda aquela Casa.

Cunha e Renan estão sob investigação por suspeita de envolvimento com as traficâncias da Lava Jato. Só crescem politicamente por causa da inanição do governo.

Também seria tapar o sol com a peneira culpar fatores externos pela crise econômica. Vários países que tomaram as medidas corretas nos últimos anos já estão em situação mais encaixada do que o Brasil no pós-Lehman Brothers (2008-09).

O problema do governo Dilma está dentro do próprio governo Dilma.

A presidente tem se arriscado a aparecer mais. A viajar mais e a falar mais em eventos públicos montados para que seja aplaudida por plateias amigas. Só faz isso dentro das câmaras hiperbáricas e megacontroladas pelo aparato estatal.

Nesta semana, por exemplo, Dilma deve conceder uma entrevista sobre as Olimpíadas 2016. Será para a imprensa brasileira? Haverá liberdade para perguntas? Não, nada disso. A entrevista será via e-mail e apenas para um site de internet… na China. Isso mesmo, na China.

É quase tudo postiço nessa nova pegada de aparições públicas da presidente.

Essa estratégia só dá certo (às vezes) quando tudo já estava dando certo antes. Agora, serve para encapsular a presidente num mundo dos sonhos e distante da realidade.

Ontem (4.ago.2015), terça-feira, o Planalto organizou uma daquelas “photo-ops” corriqueiras para tentar uma “mídia positiva”. Celebrava-se o aniversário de 2 anos do programa Mais Médicos. Ficou lotado o mezanino do primeiro andar (que nas teclas dos elevadores do Planalto é tratado como “2º andar”). Além das chatices dos discursos oficiais (ressuscitaram até o veterano Maguito Vilela; por favor, expliquem-me depois o que foi aquilo…), teve também uma jovem relatando sua história pessoal de ter conseguido se formar em medicina. Emoção no ar. Silêncio. A plateia começou um “olê, olê, olá, Dilmá, Dilmááá”.

Será que Dilma Rousseff dimensiona de maneira correta essas manifestações de apoio (sic)? Será que ela sabe que nas calçadas dos centros urbanos possivelmente seria vaiada –pois sua popularidade está abaixo de 10%?

Então, para que servem essas cerimônias?

Alguém poderia dizer: essas cerimônias não servem para nada.

Só que não. Servem, sim.

O governo perde preciosos tempo e energia.

Enquanto Dilma estava sendo aplaudida dentro de sua casa, a poucos metros dali maquinava-se a primeira derrota governista dentro do Congresso neste semestre legislativo.

No início da noite de ontem, o governo não foi capaz de adiar por algum tempo uma proposta de emenda constitucional que visa a vincular salários de advogados da União, procuradores estaduais e de delegados de polícia a 90,25% dos vencimentos de ministros do STF. Um desastre para o ajuste fiscal.

Pode até ser que essa emenda nunca venha a ser realmente aprovada em definitivo. Mas o estrago político está feito: mais uma vez foi provado como o governo é frágil.

Por ingenuidade ou ignorância seria possível atribuir a derrota de ontem a bruxarias supostamente perpetradas por Eduardo Cunha. É preciso um ato de fé para acreditar nessa teoria. Até porque esse raciocínio teria de ser atrelado a uma outra crença: o adversário (Eduardo Cunha) seria tão forte que não haveria meios de derrotá-lo. Nem o governo acredita nisso.

A seleção brasileira de futebol perdeu por 7 a 1 para a da Alemanha porque era fraca. É claro que havia méritos (muitos) nos jogadores alemães. Mas a mediocridade brasileira foi a alavanca principal para o mineiraço de 2014.

Agora, na política, é a mesma coisa.

Basta observar como algumas bancadas “governistas” (sic) se comportaram na votação ontem à noite na Câmara:

PSD: 32 presentes e 24 traidores (75%)
PTB: 23 presentes e 16 traidores (70%)
PP: 32 presentes e 21 traidores (66%)
PRB: 14 presentes e 8 traidores (57%)
PR: 30 presentes e 11 traidores (37%)
PMDB: 60 presentes e 18 traidores (30%)

O PT, é bem verdade, colaborou colocando 58 deputados na sessão. Desses, 3 votaram contra o Planalto (taxa de traição de 5%). Mas um dos desgarrados foi o gaúcho Marco Maia, ex-presidente da Câmara.

Essa cacetada na cabeça do Planalto se deu cerca de 24 horas depois de Dilma ter aberto as portas do Palácio da Alvorada para um regabofe com 80 pessoas, na segunda-feira (3.ago.2015) –inclusive com a presença dos líderes de todos os 19 partidos supostamente aliados ao governo na Câmara e no Senado.

A presidente deu de comer aos políticos na segunda-feira à noite. Na noite seguinte, foi jantada politicamente.

Há claramente um erro na engenharia usada pelo governo no meio da atual bagunça política e incerteza econômica.

Lula vive recomendando a Dilma que viaje mais e fale mais sobre os projetos positivos do governo. Ocorre que desejar que a presidente assuma um papel de liderança, que “ocupe a cadeira da rainha no imaginário do brasileiro”, como diz o marqueteiro João Santana, seria o mesmo que esperar que Hulk tivesse se transformado num supercraque para reverter sozinho os 7 a 1.

Hulk, sozinho, não tinha como fazer nada.

Dilma está sozinha –e muitas vezes boicotada pelos seus próprios soldados.

Um dos caminhos mais viáveis seria vender esperança e segurança a respeito da condução da economia. Mostrar a luz no fim do túnel.

Mas quem dinamitou essa estratégia foram Lula e o PT. Esbaldaram-se criticando a política econômica adotada por Joaquim Levy, ministro da Fazenda.

Foram tantas as críticas e tamanha a virulência que hoje quase ninguém dá pelota para o que dizem os petistas a respeito da economia. A cada crítica é como a Alemanha fazendo mais um gol. Ah, “o PT criticou a política econômica”. OK, “gol da Alemanha”.

Tome-se a curiosa nota oficial da direção do PT, emitida ontem (4.ago.2015), para comentar (de maneira transversal) a prisão de José Dirceu.

Esse documento petista é um clássico instantâneo. Não só pela ambiguidade pusilânime com que tratou José Dirceu, o “guerreiro do povo brasileiro” –a forma como o petista é conhecido por parte da militância.

O que chama a atenção é um parágrafo perdido no meio do documento (aqui, a íntegra) e que não foi destacado pela mídia tradicional. Ei-lo:

Doc-PT-04ago2015

Reprodução de trecho de documento oficial do PT divulgado em 4.ago.2014

Como se observa, o partido da presidente da República continua, repetidamente, a malhar a política econômica defendida por Dilma Rousseff. Sobram estilhaços também para Joaquim Levy, um ministro da Fazenda cada vez mais manietado politicamente e com credibilidade em queda livre.

“É preciso reorientar a política econômica”, disse o PT em sua nota oficial. “É fundamental reverter a política de juros” e “urge taxar as grandes fortunas, os excessivos ganhos dos rentistas”, recomendaram os petistas.

Ontem também, o think tank petista, a Fundação Perseu Abramo, foi na mesma linha. Colocou em seu site uma análise perfurocortante sobre a condução da economia. Sem queda dos juros, “não é possível vislumbrar recuperação”, opinou a FPA.

É curioso que o PT e a Fundação Perseu Abramo falem como se a política econômica se desse por geração espontânea. Atacam um “sujeito oculto”. O partido nunca escreve em suas notas algo como “a política econômica de Dilma Rousseff está errada”. Muito de vez em quando aparece alguém citando Joaquim Levy de forma derrogatória.

A atitude faz lembrar a frase de Lenin, que uma vez afirmou que o “esquerdismo é doença infantil do comunismo”. No caso, o PT atacando o seu próprio governo é a enfermidade infantil que drena suas próprias energias.

Ao detonar Dilma Rousseff, o PT cava mais fundo o buraco no qual o partido se encontra (aliás, junto com muitas outras agremiações políticas).

Como o PT está no governo, como o governo é Dilma e Dilma é o PT, chega-se ao diagnóstico mais dramático do atual desarranjo: o alto grau de imprevisibilidade que acompanha a conjuntura política em Brasília.

O PT, Dilma e seu governo não têm a menor ideia de como atuar de maneira coesa. Nem de como sair do labirinto em que se encontram.

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Entidade petista ataca política econômica de Dilma e Levy
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Fernando Rodrigues

Fundação Perseu Abramo critica taxa de juros e política ‘rentista’

Sem queda dos juros, “não é possível vislumbrar recuperação”

FPA-boletim-4ago2015

Reprodução do início do boletim da FPA

A Fundação Perseu Abramo, o “think tank” do PT, divulgou hoje uma dura análise sobre o estado da economia brasileira. Com o título “Produção industrial recua e lucro dos bancos cresce no Brasil”, o “Boletim de Conjuntura” da entidade condena a atual política econômica da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Assinado pelo economista Guilherme Mello, o boletim da FPA fornece dados objetivos sobre a produção industrial (recuou de 0,3% em junho) em contraste com o lucro dos bancos, que cresceu no segundo semestre de 2015.

“Na contramão” da recessão, diz o texto, os bancos tiveram um ótimo 2º trimestre. São citados, entre outros, o Itaú, que registrou crescimento de 22,1% no seu lucro (R$ 5,984 bilhões), e o Bradesco, cuja alta bateu em 18,4% (R$ 4,5 bilhões).

Em seguida, vem uma crítica acerba:

“A queda na produção industrial decorre do momento de profunda incerteza e recessão que o país atravessa”. Para o economista que escreve para a fundação do PT, a recessão é em parte causada “pela estratégia de ajuste fiscal e monetário do governo, que contribui também para o aumento do lucro das instituições financeiras”. Eis a imagem do comentário (clique para ampliar):

Boletim-FPS

trechos da crítica do boletim da Fundação Perseu Abramo

Para que o país volte a crescer, recomenda o texto da Fundação Perseu Abramo, é necessária uma “reversão do atual cenário de incertezas políticas e econômicas”.

Mas isso vai acontecer? “Não é possível vislumbrar uma possibilidade real de recuperação da atividade produtiva com a taxa básica de juros nos patamares atuais, que encarecem o crédito (tanto para consumidores, quanto para industriais) e limitam as possibilidades de investimento, ao estabelecer um patamar mínimo de rentabilidade fora de qualquer comparação internacional”.

A descrença continua assim: “A reversão deste quadro crescentemente ‘rentista’ da economia brasileira passará necessariamente por uma revisão da atual taxa de juros, o que desembocará em um debate sobre o regime de metas de inflação, como hoje o conhecemos”.

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Livro mostra como Lula, o Itamaraty e BNDES ajudaram empreiteiras na África
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Fernando Rodrigues

Telegramas secretos e inéditos revelam diplomacia brasileira propondo favores para Moçambique

Investigação relaciona perdão de dívida do país africano com sucesso da Vale na África

Lula na África - Agência brasil

Lula em Maputo, Moçambique, em 2003

Telegramas inéditos e ainda dados como secretos dentro do governo mostram como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Itamaraty e o BNDES atuaram para favorecer empresas brasileiras em negócios com a África, já no primeiro mandato do ex-presidente.

O livro “Moçambique, o Brasil é aqui – uma investigação sobre os negócios brasileiros na África”, da jornalista Amanda Rossi, revela o teor de documentos sigilosos da diplomacia brasileira. Os comunicados indicam a pressão da administração Lula a favor de empresas brasileiras buscando negócios na África, informa o repórter do UOL André Shalders.

Algumas trocas de mensagens também expõem também como o Brasil tentou influir pessoas com poder em Moçambique para receber em troca a simpatia para empresas do Brasil. O livro será lançado em São Paulo no dia 11.ago.2015, pela Editora Record.

Amanda Rossi teve acesso a “centenas de correspondências diplomáticas confidenciais, trocadas entre a Embaixada do Brasil em Maputo e o Itamaraty, de 2003 a 2009”. A jornalista diz que todos esses documentos “ganharam o carimbo de ‘secretos’ em 2012, o segundo maior grau de sigilo previsto pela Lei de Acesso à Informação, válido por 15 anos”. Ou seja, a “consulta pública só deve ser aberta a partir de 2018, para os mais antigos, e em 2024, para os mais recentes”.

Um dos capítulos do livro trata sobre essa documentação inédita. Na avaliação da autora do livro, as mensagens revelam como o governo Lula e a diplomacia brasileira fizeram lobby junto a autoridades moçambicanas para favorecer a Vale, uma empresa privada, numa disputa por minas de carvão no país, em 2004.

As minas de Moatize, como são conhecidas, são hoje o maior empreendimento brasileiro no continente africano. Empréstimos do banco de fomento oficial para obras em outros países serão um dos alvos das investigações da chamada “CPI do BNDES”, que será instalada pela Câmara nesta semana.

Em uma mensagem a Brasília em 17 de novembro de 2004, a então embaixadora brasileira em Maputo, Leda Lúcia Camargo, comemora a vitória da Vale. Entre outras afirmações, diz que o perdão da dívida externa de Moçambique com o Brasil “contribuiu” para a vitória da mineradora.

O telegrama se referia ao fato de que em agosto de 2004, cerca de 3 meses antes de a Vale vencer a licitação para explorar as minas de Moatize, Lula havia oficializado o perdão de US$ 315 milhões em dívidas de Moçambique com o Brasil.

A intenção de perdoar a dívida era antiga. Havia sido anunciada por Fernando Henrique Cardoso, em julho de 2000. Mas as coisas só andaram durante a administração de Lula no Planalto e no mesmo período em que a Vale disputava o direito de explorar as minas de carvão.

A embaixadora Leda Camargo enumera as ações do Estado brasileiro que teriam fortalecido a Vale no processo licitatório. “Parece-me ter ajudado no desfecho dessa concorrência […] a visita a Maputo do presidente do BNDES”, escreveu a diplomata.

Em meados de 2004, o então presidente do BNDES, Carlos Lessa, foi a Moçambique em companhia do presidente da Vale, Roger Agnelli. A jornalista Amanda Rossi escreve que “cerca de um mês depois, Lula recebeu em Brasília o chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, e indicou que o BNDES poderia participar do projeto de Moatize”.

“Outro fator que contribuiu [para a vitória da Vale], com toda a certeza, para a boa vontade (que nitidamente se percebia crescente) do lado das autoridades moçambicanas, foi a assinatura do perdão da dívida pelo Brasil. Coube à Comissão Interministerial, sob a chefia da então primeira-ministra Luísa Diogo, que gestionara por aquela assinatura, aprovar o parecer dos técnicos locais e internacionais a favor da Vale”, escreveu a embaixadora Leda Camargo.

O livro “Moçambique, o Brasil é aqui” informa que o perdão da dívida de US$ 315 milhões foi “o maior cancelamento de débitos concedido pelo Brasil”.

Em um outro telegrama que enviou ao Itamaraty, a então embaixadora brasileira em Maputo sugeriu que o governo considerasse “com especial atenção” a candidatura da filha de um político moçambicano a uma vaga de intercâmbio em uma universidade brasileira.

“Tomo a liberdade de recomendar que seja considerada com especial atenção a candidatura da estudante (…) ao curso de Estilismo e Moda da Universidade de Londrina. A estudante é filha de Sérgio Vieira, alta autoridade do núcleo político do governo moçambicano, um dos mais importantes integrantes do grupo que decidirá sobre as minas de Moatize”, escreveu , Leda Camargo, em telegrama de julho de 2004. A estudante acabou excluída da seleção pelo MEC.

OUTROS LADOS
Em entrevista para o livro “Moçambique, o Brasil é aqui”, Lula justificou-se dizendo que o Brasil tinha “interesse estratégico” na vitória da Vale: “A Vale é uma empresa brasileira. Era muito mais interessante que ela estivesse na mina de Moatize do que os chineses. (…) O minério é uma coisa estratégica para qualquer país do mundo. E sobretudo quando se trata de carvão, que o Brasil não tem”. O BNDES chegou a ofertar créditos para a operação da Vale, que não chegaram a ser empregados.

Leda e o Itamaraty disseram à autora do livro que não poderiam comentar o teor de mensagens “secretas”. A Vale afirmou, em nota, não ter “nenhuma relação com o tema”.

Sérgio Vieira disse à autora, via e-mail, que a Vale “obteve a concessão porque ganhou num concurso em que participaram várias transnacionais […]. Pelo que eu sei, foi a melhor proposta”. Depois de deixar o governo, em 2012, Vieira se tornou crítico da operação da Vale em Moçambique.

Roger Agnelli, então presidente da Vale, foi um dos oradores convidados para o jantar de despedida de Leda de Moçambique, no fim de 2007.

VALE, ÂNCORA DO BRASIL NA ÁFRICA
O perdão da dívida moçambicana também abriu a possibilidade de que o BNDES pudesse financiar obras de empreiteiras brasileiras naquele país. “A Vale foi a âncora do Brasil em Moçambique. Depois dela, as primeiras multinacionais brasileiras a desembarcarem no país africano foram grandes construtoras”, anota a jornalista Amanda Rossi no capítulo “O perdão e as obras”.

Para viabilizar as obras de escoamento do minério extraído pela Vale, empreiteiras hoje investigadas pela força-tarefa da Lava Jato obtiveram empréstimos de bancos oficiais brasileiros.

A primeira obra infraestrutural dessa ordem em Moçambique foi um aeroporto na cidade de Nacala, construído pela Odebrecht com um financiamento de US$ 125 milhões do BNDES. Em seguida, a Andrade Gutierrez obteve do mesmo BNDES outros US$ 466 milhões para a construção de uma barragem perto de Maputo, iniciada no ano passado.

Até o fim de 2014, observa a autora do livro, o Brasil já havia emprestado a Moçambique outros US$ 132 milhões.

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Pesquisa CNT/MDA deixa incerto se o fundo do poço foi atingido
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Fernando Rodrigues

CNT-MDA-historico

Na comparação com Datafolha e Ibope, rejeição de Dilma é parecida

Mas deterioração econômica pode agravar ainda mais aprovação do governo

Os números principais da pesquisa CNT/MDA mostram um cenário ruim para o governo Dilma Rousseff: 7,7% de ótimo e bom; 20,5% de regular e 70,9% de ruim ou péssimo. Em março, esses percentuais eram de 11%, 24% e 65%. O levantamento é de 12 a 16 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

O Blog tem o relatório completo da pesquisa.

Há duas observações importantes sobre o resultado macro da pesquisa. Primeiro, que a taxa de aprovação do governo (7,7%) é compatível com as que foram apuradas recentemente por Datafolha (10% em 17-18.jun.2015) e Ibope (9% em 18-21.jun.2015). A segunda ponderação a ser feita é uma pergunta: a presidente da República estabilizou e já chegou ao que pode ser o fundo do poço?

A resposta é incerta. Depende de vários fatores. Segundo Marcelo Costa Souza, diretor do Instituto MDA e responsável pela pesquisa divulgada hoje (21.jul.2015), “é muito difícil perder mais popularidade quando se está em um patamar tão baixo”. Mas ele faz uma ressalva: “O problema é que passamos anos falando que a economia não ia bem e os números não eram tão ruins. Agora, são. Se houver mais degradação em agosto e setembro, é possível que isso afete ainda mais a aprovação do governo e da presidente da República. O ponto mais importante a ser observado aqui é o estado da economia”.

Agosto e setembro, a julgar pelos indicadores já conhecidos, serão meses piores do que os do primeiro semestre de 2015. Não há, portanto, razão para acreditar que Dilma Rousseff tenha se estabilizado no atual patamar ou que possa até esboçar alguma reação.

Mas é preciso também levar em conta nesse cálculo a reação pretendida pelo governo e pelo PT. Nas próximas semanas e meses Dilma, seus ministros e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem viajar pelo país.

Em agosto, o PT terá seu programa de 10 minutos de duração em rede nacional de rádio e de TV. Também em agosto a legenda terá centenas de comerciais curtos de 30 segundos ou de 1 minuto para veicular –tudo em fase de montagem pelo marqueteiro João Santana –que ontem (20.jul.2015) esteve com Lula em São Paulo.

RENDA E NORDESTE
Chama a atenção na pesquisa CNT/MDA, como alerta o diretor do instituto MDA Marcelo Costa Souza, que todas as classes sociais e todas as regiões do Brasil demonstram mau humor em relação ao governo da presidente Dilma.

Os mais pobres (renda até 2 salários mínimos) hoje fazem um juízo ruim do governo Dilma: 7,4% aprovam e 68,2% desaprovam. Ou seja, mais ou menos como a média geral.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Renda-aprovacao-governo

Quando se olha para regiões específicas do país, o desempenho do governo no Nordeste é um pouco menos deteriorado, mas já não é mais suficiente para manter a administração do PT em situação confortável. Só 8,2% dos nordestinos aprovam o dilmismo no Planalto. E 69,7% rejeitam o governo nessa parte do país. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-regioes-aprovacao-governoEsses cruzamentos estratificados podem ser vistos neste relatório da pesquisa CNT/MDA.

ONDE HÁ UM POUCO DE ALENTO PARA DILMA?
Um trecho da pesquisa CNT/MDA chama a atenção. O instituto perguntou: “O (a) Sr. (a) acredita que se o candidato Aécio Neves tivesse vencido a eleição, como estaria o governo dele em relação ao da presidente Dilma Rousseff?”. A resposta não é tão ruim para Dilma: 47,4% dizem que o Brasil estaria igual ou pior. Só 44,8% acham que uma administração do tucano teria deixado hoje o Brasil em melhor situação –menos do que ele teve de votos no 2º turno de 2014.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Aecio-X-Dilma-no-governoOutro dado a ser considerado: mesmo com toda a perda de popularidade em todas as regiões do país, o Nordeste ainda demonstra ser mais compreensivo com o PT e com os petistas. Na pesquisa que sonda cenários para 2018, Aécio Neves (PSDB) bateria hoje Lula (PT) por 35,1% a 22,8% num hipotético 1º turno que teria também como candidatos Marina Silva (15,6%) e Jair Bolsonaro (4,6%).

Mas quando se observa o voto em cada uma das regiões brasileiras, nota-se que hoje Lula ainda derrotaria Aécio por 38,8% a 27,1% no Nordetes. Ou seja, se o PT e Dilma querem começar uma trajetória de recuperação, devem certamente priorizar o Nordeste, estancando por ali a queda na popularidade presidencial.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Lula-X-Aecio-NordesteO blog está no FacebookTwitter e Google+.